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Produção industrial registra queda de 0,2% em outubro, diz IBGE

Em relação ao mesmo período do ano anterior, houve um crescimento de 5,8% na produção industrial, marcando quinta taxa positiva consecutiva

atualizado

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Monty Rakusen / Getty Images
Indústria; produção industrial
1 de 1 Indústria; produção industrial - Foto: Monty Rakusen / Getty Images

A produção industrial nacional mostrou variação negativa de -0,2% na passagem de setembro para outubro após registrar crescimento por dois meses consecutivos, resultado que elimina parte do ganho de 1,2% acumulado no período. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (4/12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Somente uma das quatro grandes categorias econômicas e seis dos 25 ramos industriais pesquisados mostraram redução na produção. Entre as atividades, a influência negativa mais importante foi assinalada por coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, que recuou 2,0% em outubro, após avançar 4,7% no mês anterior, quando interrompeu dois meses consecutivos de queda na produção, período em que acumulou perda de 3,4%. Vale destacar também as contribuições negativas registradas pelos setores de bebidas (-1,1%) e de indústrias extrativas (-0,2%).

Por outro lado, entre as 19 atividades que apontaram expansão na produção, a de veículos automotores, reboques e carrocerias (7,1%) exerceu o principal impacto em outubro de 2024 e intensificou o crescimento de 2,8% registrado em setembro. Outras contribuições positivas foram assinaladas pelos ramos de confecção de artigos do vestuário e acessórios (14,1%), de produtos químicos (2,8%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (5,4%), de celulose, papel e produtos de papel (3,4%), de metalurgia (2,1%), de produtos diversos (7,4%), de máquinas e equipamentos (2,0%), de produtos alimentícios (0,5%) e de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (2,9%).

Entre as grandes categorias econômicas, ainda na comparação com o mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal, bens de consumo semi e não duráveis, ao recuar 0,7%, apontou o único resultado negativo em outubro de 2024 e eliminou parte do avanço de 0,9% acumulado nos meses de setembro e agosto de 2024.

Por outro lado, o segmento de bens de consumo duráveis (4,4%) assinalou a taxa positiva mais elevada nesse mês e interrompeu dois meses consecutivos de queda na produção, período em que acumulou perda de 4,8%. Os setores produtores de bens de capital (1,6%) e de bens intermediários (0,4%) também mostraram resultados positivos em outubro de 2024.

Frente a outubro de 2023, indústria cresce 5,8%

Na série sem ajuste sazonal, no confronto com igual mês do ano anterior, o total da indústria cresceu 5,8% em outubro de 2024, marcando a quinta taxa positiva consecutiva. Com isso, o setor industrial apontou crescimento de 3,4% nos dez primeiros meses de 2024.

No índice acumulado para janeiro-outubro de 2024, frente a igual período do ano anterior, o setor industrial assinalou avanço de 3,4%, com resultados positivos em quatro das quatro grandes categorias econômicas, 21 dos 25 ramos, 59 dos 80 grupos e 62,5% dos 789 produtos pesquisados.

Entre as atividades, as principais influências positivas no total da indústria foram registradas por veículos automotores, reboques e carrocerias (12,1%), produtos alimentícios (2,7%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (2,0%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (12,1%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (12,2%).

Vale destacar também os impactos positivos registrados pelos setores de indústrias extrativas (1,3%), de produtos químicos (2,8%), de produtos de borracha e de material plástico (5,5%), de outros equipamentos de transporte (11,8%), de produtos de metal (4,7%), de móveis (10,5%) e de celulose, papel e produtos de papel (3,0%).

Em nota, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) ressaltou o bom resultado e a “variação positiva na comparação com o mesmo mês do ano anterior pelo quinto mês consecutivo”.  A entidade lembrou que, ao longo desse ano, a indústria de transformação consolidou um processo de recuperação, com a produção do setor sendo puxada, em maior medida, pelos setores produtores de bens de consumo duráveis e de bens de capital, beneficiados pela expansão da renda das famílias e do crédito.

No entanto, para 2025, a expectativa da Fiesp é de “menor crescimento para a produção industrial, refletindo o novo ciclo de aumento da taxa de juros, que tende a contribuir para a piora das condições de acesso ao crédito, sobretudo em ambiente marcado por condições financeiras já restritivas”.

Segundo a federação, é esperado um menor impulso fiscal por parte do governo federal “diante da necessidade de conter a incerteza sobre o cumprimento das metas fiscais e trajetória das contas públicas. O próximo ano também deve ser marcado por um ambiente externo mais desafiador, com destaque para as incertezas econômicas em torno da economia americana”, conclui a nota.

PIB em alta

Nesta terça-feira (3/12), o IBGE divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,9% no terceiro trimestre de 2024 (período de julho, agosto e setembro), frente ao segundo trimestre deste ano. O resultado foi, em boa parte, puxado pelo bom desempenho da indústria. Na avaliação de Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e primeiro vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o PIB mostrou a importância do fomento do setor para o crescimento sustentado da economia.

“Pela segunda vez consecutiva, a indústria foi um dos fatores que puxaram o resultado positivo, com expansão de 0,6% frente ao trimestre anterior e 3,6% na comparação anual”, enfatizou Cervone, acrescentando: “Aos poucos, vai retomando seu dinamismo e desempenhando papel crucial na recuperação econômica do País”.

Na avaliação do Ciesp, para que o setor impulsione cada vez mais o crescimento sustentado, é fundamental o êxito de políticas públicas como a Nova Indústria Brasil (NIB) e a Depreciação Acelerada.

“Entretanto, também é premente vencer o desafio de reduzir o Custo Brasil, este grande e histórico obstáculo, permeado pelas complexidades do sistema tributário, juros altos, dificuldades de acesso ao crédito, em especial pelas pequenas e médias empresas, questões burocráticas e insegurança jurídica, dentre outros fatores”, ressalvou o presidente do Ciesp.

Cervone, reiterando o significado da indústria para o desenvolvimento, apontou três principais impactos positivos do seu fomento e fortalecimento: inclusão do Brasil entre os países fornecedores de bens mais sofisticados e de maior valor agregado, o crescimento contínuo e sustentado do PIB em patamares mais elevados, e a criação de mais empregos, com salários maiores, com reflexos na inclusão social e melhoria da distribuição de renda.

“Portanto, precisamos trabalhar muito para que o setor recupere a competitividade perdida nas últimas quatro décadas e seja protagonista de um país mais próspero e justo. Afinal, não há indústria competitiva sem um país competitivo”, concluiu.

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