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Presidente da Fiesp critica juros altos e postura de Campos Neto no BC

Para presidente da Fiesp, Josué Gomes, “posicionamento político” de Campos Neto colocara em xeque autonomia do Banco Central (BC)

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O presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, disse nesta terça-feira (30/7) que o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, teria “posicionamento político”, o que colocaria em xeque a autonomia da autoridade monetária.

Gomes lembrou dois momentos que reforçariam tal posicionamento: a ida de Campos Neto às urnas em 2022 vestindo a camisa da seleção brasileira, e a homenagem que recebeu em jantar promovido pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

“Ele optou pessoalmente por um posicionamento político. Se acabarem com a autonomia do Banco Central, o ‘mérito’ vai ser todo do Campos Neto”, afirmou Josué, durante um café da manhã com jornalistas na sede da entidade, na capital paulista.

Na avaliação do presidente da Fiesp, falta no atual governo Lula “um José Alencar” para distensionar as relações entre o governo federal e o BC. Vice de Lula em seus dois primeiros mandatos (2003-2010), José de Alencar era pai de Josué Gomes e morreu em 2011.

“Tinha alguém que falava com legitimidade sobre o assunto e ele [Lula] não precisava falar. Infelizmente, falta hoje no governo alguém que trate desse debate, então ele se sente na obrigação de falar”, pontuou.

Na conversa com jornalistas, Josué frisou por diversas vezes que a sociedade precisa se mobilizar e discutir o que é preciso ser feito para que o país volte a crescer.

Ele defendeu a adoção do cashback na Reforma Tributária e voltou a criticar a tríade formada por juros altos, carga tributária pesada e o desalinhamento do câmbio como fatores que travaram o crescimento não só da indústria, mas da economia do Brasil nos últimos 30 anos. 

“Nos últimos 30 anos, o Brasil cresceu 2,4% ao ano, em média. O mundo, em média, cresceu 3,6%. Os países em desenvolvimento, dentre os quais nós nos incluímos, cresceram 4,9%. Nesse mesmo período de 30 anos, a indústria de transformação regrediu. Nós chegamos a ter 28% de participação no PIB e hoje temos algo como 11,5%. Acho que não é coincidência”.

Na avaliação de Josué, a perda de produtividade na economia brasileira é correspondente à regressão da produtividade na indústria de transformação. “Há 30 anos, a indústria de transformação chegou a ter mais de 50% de produtividade, quando comparada à indústria de transformação norte-americana. Hoje é menos de 25%. A sociedade brasileira precisa encontrar um caminho para romper este crescimento médio nacional de menos de 1%”, afirmou.

Segundo ele, para que a economia melhore e a sociedade possa crescer com qualidade de vida é preciso voltar a investir na indústria da transformação. Ele chegou a citar que alguns políticos americanos do Partido Republicano já têm feito coro ao mesmo discurso.

“E por que investir na indústria de transformação? Porque ela aumenta a produtividade da economia mais do que qualquer outro setor. Não se concebe mais indústria de transformação gerando um número enorme de empregos. Hoje tudo está automatizado, mas a indústria de transformação tem condições simples de melhorar o crescimento da produtividade na economia nacional”, acredita.

Cashback

Sobre a Reforma Tributária em andamento, Josué reafirmou o posicionamento da entidade contrário à pressão de alguns segmentos econômicos por benefícios adicionais. Tais exceções poderiam elevar a alíquota de referência, prejudicando os demais setores não contemplados, especialmente a indústria de transformação.

Ele lembrou que os regimes favorecidos aprovados já elevaram a alíquota de referência para 26,5%, enquanto num cenário base, que inclui a manutenção do Simples Nacional e benefícios para a Zona Franca de Manaus, ela deveria estar entre 20,73% e 22,02%.

“Depois de 30 e poucos anos de debate no Congresso, conseguimos finalmente aprovar a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do IVA (imposto sobre Valor Agregado).  Uma PEC que traz uma modernização nos impostos indiretos. Nós aqui na Fiesp defendemos que o limite fosse 25%. E isso já tentando compor com alguns segmentos”, reforçou.

Josué criticou a redução de alíquotas para alimentos, quando estudos já mostraram que o cashback seria mais eficaz para reduzir a desigualdade de renda. 

“Nós chegamos a ponto de ter a defesa de que a melhor forma de alimentar a população subnutrida no Brasil é uma alíquota baixa nos alimentos. Agora, todos os estudos sérios apontam que a melhor forma, realmente, de combater a fome dos subnutridos no Brasil, e são muitos, infelizmente, é o cashback. Quando se dá zero de alíquota para um item da cesta básica que eu estou comprando, e que eu posso pagar o imposto, na verdade, você não está favorecendo em nada aqueles que não podem pagar. A gente tem condições de dar o cashback, ainda mais com a digitalização, de forma muito fácil”, defende.

O presidente da Fiesp reforçou que esta é uma luta da sociedade brasileira, não apenas das entidades de classe, ou apenas da indústria. Segundo ele, a sociedade precisa se posicionar para que o Brasil volte a crescer a taxas robustas e com o desenvolvimento social.

“Até porque nós temos que lembrar que o fim é o homem, a economia é meio pra se alcançar objetivos, que são sempre sociais. E isso está no manual da Escolas Superior de Guerra. Isso não é coisa da esquerda. Isso é o básico de qualquer economia”, concluiu.

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