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Presidente da Firjan tem infraestrutura e segurança pública como meta

Luiz Césio Caetano considera ser inadmissível a existência de domínios territoriais nas mãos de criminosos, roubando empregos e arrecadação

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Divulgação / Firjan
Luiz Césio Caetano, novo presidente da Firjan
1 de 1 Luiz Césio Caetano, novo presidente da Firjan - Foto: Divulgação / Firjan

Luiz Césio Caetano assumiu, há pouco mais de um mês, a presidência da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) com uma visão clara e estratégica. Engenheiro mecânico por formação, ele contou, em entrevista ao Metrópoles, ter como meta ajudar o governo a resolver os problemas de infraestrutura e segurança pública. “É inadmissível a existência de domínios territoriais por criminosos, que rouba empregos e arrecadação”, disse.

Em um ano, a economia do Brasil perdeu quase R$ 500 bilhões com contrabando, roubo, sonegação, pirataria e ligações clandestinas de água e luz.

Caetano ressalta estar satisfeito com a Reforma Tributária, “que trará vantagens competitivas para o estado”, e aponta ainda uma proposta de quatro eixos de atuação para fortalecer a indústria fluminense, que tem uma participação relevante, de 25,9%, no PIB do Estado.

Experiência para tocar tamanhos desafios, não falta. Nascido em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, em novembro de 1949, é o terceiro filho de uma família de duas irmãs e um irmão caçula. Viveu também no interior de São Paulo, nos Estados Unidos, em Cabo Frio, na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro e em Niterói.

Em 1970, começou trajetória profissional como estagiário na Sal Cisne. Desenvolveu a carreira em outras indústrias e, em 1984, foi convidado pela empresa para retornar e assumir o posto de Diretor Industrial. Pisou no chão de fábrica até 2000, quando migrou para a gestão corporativa da empresa, conciliando a atividade empresarial com a defesa do desenvolvimento da indústria fluminense.

Confira a entrevista:

Quais seus maiores desafios na Firjan?

A Firjan atua fortemente apoiando a indústria fluminense. E em meu mandato, teremos quatro eixos de atuação, em prol do aumento da produtividade de nossas empresas e do desenvolvimento socioeconômico de nosso estado e do país: gestão pública eficiente; mão de obra qualificada; transição, integração e eficiência energética; e infraestrutura e segurança pública. Também considero imprescindível a participação das lideranças empresariais e instituições da sociedade civil no debate e ações voltadas para a construção de um ambiente de negócios adequado à prosperidade duradoura. Em meu mandato, a Firjan vai atuar com o objetivo de oferecer uma contribuição ainda maior neste sentido, avançando, por exemplo, no estímulo à adoção das práticas ESG nas estratégias de negócio.

Qual o papel estratégico das indústrias na economia do estado?

A indústria fluminense tem uma participação relevante, de 25,9%, no PIB do estado. Entre os segmentos industriais, a indústria de Petróleo e Gás contribui com 14,4% do PIB; a Indústria de Transformação, com 6,5%; e a de Construção Civil com 2,6%. No caso do emprego, segundo os dados mais recentes do Ministério do Trabalho, de agosto deste ano, o setor industrial emprega 726,5 mil dos 3,9 milhões de trabalhadores com carteira assinada no estado do Rio de Janeiro, o que corresponde a 19% do total. Ou seja, quase um em cada cinco trabalhadores fluminenses tem sua carteira assinada pela indústria.

Como melhorar a produtividade da indústria?

Fui o coordenador na Firjan de um Grupo de Trabalho que consolidou o documento “Propostas Firjan para um Brasil 4.0”, com 62 propostas a nível federal e 41 a nível estadual visando contribuir para a elevação da produtividade das economias nacional e fluminense. Nossa Agenda 4.0 foi consolidada em quatro pilares: ambiente de negócios, infraestrutura, capital humano e eficiência do estado, que resumem bem os principais desafios para ampliar a produtividade. Quando o Governo Federal anunciou, este ano, sua política industrial, a Nova Indústria Brasil, constatamos que tinha muito em comum com a nossa agenda: 60% das propostas da NIB eram convergentes com nosso documento.

O quão importante será a Reforma Tributária para a indústria do Rio de Janeiro?

Estamos acompanhando atentamente a fase de regulamentação da reforma tributária, que certamente trará vantagens competitivas. Isto porque a Reforma contempla a proibição de incentivos fiscais para atrair empresas, independente do setor da economia. Sem esta disputa, o Rio será mais competitivo para atrair novos investimentos.

Qual o impacto da insegurança pública na economia do estado? Quantas indústrias o estado perdeu nos últimos 10 anos, por exemplo? E como a Firjan tem atuado junto ao governador ou ao governo federal para resolver esta questão?

É inadmissível a existência de domínios territoriais por criminosos, que rouba empregos e arrecadação. O roubo de energia faz das tarifas em nosso estado estarem entre as mais elevadas do Brasil. Temos trabalhado incessantemente para contribuir na superação este desafio, através do contato frequente com os executivos estadual e federal e através da elaboração de estudos, como o de roubo de cargas e o do Brasil Ilegal, este elaborado em conjunto com a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e que apontou uma perda para o país de R$ 500 bilhões por conta de sonegação de impostos, roubo, pirataria, concorrência desleal por fraude fiscal e furtos de energia e de água.

O que mais pode ser feito para que indústrias não deixem o estado e outras queiram se estabelecer no Rio de Janeiro?

Precisamos enfrentar com urgência problemas de infraestrutura e de segurança pública que impactam tanto cidadãos quanto empresas. É uma das prioridades de minha gestão. No caso da infraestrutura, para que o estado do Rio concretize seu potencial de hub logístico são necessários investimentos em vias estratégicas, como a BR-040, a BR-101 e a ferrovia EF-118, além da valorização de portos e aeroportos.

O que o Rio de Janeiro oferece como diferencial aos industriais?

Somos um grande mercado consumidor. Temos mão-de-obra qualificada, dois aeroportos internacionais, Galeão e Cabo Frio, e uma boa oferta de energia. Para completar, o estado responde por 66% da produção de gás natural do país e há investimentos em andamento em empreendimentos de energia solar e eólica. Isto, sem falar, na perspectiva de conclusão da usina nuclear de Angra 3.

Por que o projeto da Estrada de Ferro 118, entre RJ e ES, é tão importante para as indústrias do estado?

O projeto da EF-118, ligando o Rio de Janeiro ao Espírito Santo, é estratégico para consolidar o estado como um pilar essencial na logística nacional. Essa ferrovia terá papel fundamental não apenas na integração regional, mas também na atração de investimentos e na ampliação da capacidade industrial e portuária. Um dos maiores beneficiários será o Distrito Industrial de São João da Barra, o maior do estado do Rio de Janeiro, que, com a infraestrutura proporcionada pela ferrovia, terá condições de atrair novas indústrias e fomentar o desenvolvimento econômico local. A EF-118 também fortalecerá o Porto do Açu, que já é uma das principais estruturas de comércio exterior do Brasil, criando um ambiente propício para a instalação de empresas e geração de emprego.

Além disso, o projeto abrirá oportunidades para novas indústrias em território fluminense, especialmente para fornecedoras e processadoras do setor agroindustrial brasileiro, como aquelas ligadas à produção e à distribuição de fertilizantes, insumos essenciais para o agronegócio nacional. Também vai posicionar o Rio de Janeiro como um dos principais eixos da logística nacional.

Além desse, que outro grande projeto de infraestrutura é considerado fundamental para o setor?

Há importantes projetos em três grandes eixos. Em energia, a construção da Usina Nuclear de Angra 3, fundamental para a garantir a segurança energética e a expansão da matriz energética nuclear brasileira; na infraestrutura ferroviária, além da EF-118, a adequação da linha férrea de Barra Mansa-Angra dos Reis, para facilitar escoamento de produtos e ampliar a capacidade logística; e na rodoviária, a nova subida da serra de Petrópolis, a BR-040, para aumentar a segurança e capacidade viária, reduzindo o custo do frete.

Um dos entraves do setor é a mão de obra qualificada. Como esse desafio pode ser superado?

Uma das exigências para o país elevar a produtividade, estagnada há décadas, e crescer de forma sustentável está na formação, atração e retenção de mão de obra qualificada. Em nossas escolas Firjan SENAI, nos últimos cinco anos, terminados em 2023, realizamos quase 440 mil matrículas. E estamos atentos para equilibrar as necessidades das empresas com o que querem os trabalhadores na era da Nova Economia, promovendo uma escuta constante para atualizar o nosso portfólio. Vamos estimular cada vez mais a oferta de cursos para áreas que atendam a demandas crescentes da Indústria 4.0, como Internet das Coisas e Inteligência Artificial.

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