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Presidente da Fiesp: Paraguai e turistas causam mais danos que a Shein

Potencial de importação legal via viagens internacionais e que não pagam tributos é de R$ 180 bilhões por ano, afirma presidente da Fiesp

atualizado

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Divulgação/Fiesp
Josué Gomes, presidente da Fiesp
1 de 1 Josué Gomes, presidente da Fiesp - Foto: Divulgação/Fiesp

O presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, disse nesta terça-feira (30/7) que a entrada de produtos do Paraguai, e até mesmo a entrada de produtos com isenção tributária via turistas internacionais, causa mais danos à indústria do que a chinesa Shein ou seus concorrentes. Apenas os turistas que chegam ao Brasil  do exterior podem carregar o equivalente a R$ 180 bilhões por ano em mercadorias sem pagamento de impostos, calcula.

Ele acredita que há mais propaganda da Shein do que um problema, de fato, com a “taxa das blusinhas”. Em sua avaliação, a iniciativa do governo de criar o Programa Remessa Conforme é positiva, por trazer maior regulamentação e permitir que o setor seja mensurado com dados realistas.

“Acho admirável o esforço do varejo e da indústria brasileira de promoverem a marca dessa empresa chinesa, porque todos gostam de falar o nome dela, é impressionante. Se eles tivessem investido em marketing no Brasil, eles não tinham conseguido um resultado tão avassalador. É admirável a fixação que todos têm promovendo o nome dessa empresa chinesa”, disse Josué.

Segundo ele, a falta de isonomia tributária era um problema, mas a questão foi resolvida. Criado pela Receita Federal, o Programa Remessa Conforme (PRC) certifica empresas de comércio eletrônico que seguirão regras de importação diferenciadas. As empresas que participam do Remessa Conforme têm direito, hoje, a pagar zero de imposto pelas encomendas internacionais com valores inferiores a U$ 50. A partir desta quinta-feira (1º/8), a alíquota subirá para 20%.

“A digitalização é uma realidade inescapável. As indústrias ou segmentos que não entenderem isso vão ficar para trás e é inevitável. Você tem Mercado Livre que é altamente competitivo. Você tem Ali Express, você tem o Temu, que acabou de entrar. Vejo eles mais como potenciais clientes do que como potenciais concorrentes. Eles são varejistas”, avaliou.

Na avaliação de Josué, as operações cross border, que envolvem o transporte de um produto de um país para o outro via fronteiras, e que são utilizadas por essas plataformas, são menos danosas para a indústria do que a entrada de produtos no Brasil via Paraguai ou mesmo de produtos que entram no país com brasileiros que fazem viagens internacionais.

“A tributação do cross border para promover a isonomia é justa. Mas ela não é a solução para a indústria. O Paraguai oferece muito mais risco para a indústria brasileira e quando eu falo Paraguai, eu digo o Mercosul. São produtos que entram sem nenhum imposto de importação.  Nós temos containers entrando sem qualquer fiscalização”, pontuou Josué, que apontou outro ponto relevante e que poderia ser revisto para aumentar a arrecadação e proteger a indústria nacional: os turistas.

“Os viajantes internacionais são potencialmente 12 vezes mais danosos do que o cross border. São US$ 1.500 que um viajante internacional pode trazer por entrada. Ele pode fazer 12 vezes por ano. São 24 milhões de viajantes internacionais que entram no Brasil por ano. São US$ 36 bilhões de potencial de importação legal com zero de tributo. São R$ 180 bilhões”, concluiu.

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