Investimentos em projetos de hidrogênio no RJ podem chegar a US$ 8 bi
Mais de R$ 636 milhões estão sendo investidos em 46 projetos para pesquisa e desenvolvimento de tecnologia relacionadas ao hidrogênio
atualizado
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O hidrogênio está emergindo como uma peça central na transição energética em todo o mundo. Reconhecido por seu potencial de substituição dos combustíveis fósseis em diversos setores, ele oferece inúmeras oportunidades, especialmente para o Brasil e, mais especificamente, para o estado do Rio de Janeiro, atraindo investimentos e fomentando o desenvolvimento de novos empreendimentos.
Levantamento da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) mostra que apenas no estado fluminense foi identificado um potencial de investimento de pelo menos US$ 8 bilhões em projetos de hidrogênio, oriundos do desenvolvimento do polo de produção no Porto do Açu, incluindo a utilização do hidrogênio para produção de fertilizantes e metanol.
Além disso, o Rio de Janeiro apresenta perspectivas promissoras quanto à produção do hidrogênio natural. Estudos ainda estão em desenvolvimento mas, por sua origem geológica, o potencial de contribuição para o processo de descarbonização é ainda maior.
“Estamos comprometidos com o desenvolvimento de tecnologias e com a formação de profissionais para encontrar respostas aos inúmeros desafios que precisam ser enfrentados para viabilizarmos este combustível. Temos uma rede de institutos de tecnologia e inovação, que realiza projetos de pesquisa aplicada com soluções para multiplicar o potencial do hidrogênio”, afirma o vice-presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano, ressaltando a importância de estabelecer o marco legal regulatório o quanto antes para atração e desenvolvimento de novos empreendimentos.
46 projetos de pesquisa
Às vésperas da aprovação do Marco Legal do Hidrogênio pelo Congresso Nacional, a Firjan aponta que estão sendo investidos, desde 2022, mais de R$ 636 milhões em 46 projetos para pesquisa e desenvolvimento de tecnologia relacionadas ao hidrogênio em todo o país. Deste valor, 51% são aplicados em 14 projetos no estado do Rio de Janeiro.
Maior produtor de gás natural do Brasil, o Rio de Janeiro é ainda o único local do país que possui geração de energia nuclear, além de ter potencial de expandir suas fronteiras de produção em energia renovável com a implementação de projetos de eólica offshore (em alto mar).
Para além da produção, o hidrogênio também pode ser explorado comercialmente, realidade já no mundo e com reservas potenciais identificadas no Brasil. O município de Maricá tem indicação de uma reserva natural que pode ser explorada, o que reforça a posição do estado do Rio como produtor de todas as fontes de energia .
Desafios e oportunidades
Produzido pela Firjan, Senai e Sesi, o “Mapa Estratégico do Hidrogênio para o Rio de Janeiro” aponta os desafios e as oportunidades para o pleno desenvolvimento do mercado de hidrogênio no país.
Além da regulação e legislação adequadas, a gerente geral de Petróleo, Gás, Energias e Naval da Firjan, Karine Fragoso, acredita que o estímulo da demanda por hidrogênio “passa por uma competitividade do preço do energético frente a outras soluções, a partir de um ambiente com maior oferta, mais desenvolvimento tecnológico e regras propícias para possibilitar negócios”.
Os desafios passam ainda por estabelecer e atualizar normas técnicas para delimitar quais os padrões que a indústria deve seguir, no sentido de ter soluções ou evitar problemas ao longo da cadeia de valor do H2, da produção, ao armazenamento e transporte, bem como no consumo final. “Também há questões como certificação e normatização, armazenamento, segurança e transporte”, complementa. Karine.
Entre as oportunidades, destacam-se a ampliação de fontes de energia no país, a descarbonização, o desenvolvimento tecnológico e a exportação do energético, além de atender o mercado interno de fertilizantes, produção de amônia, de combustíveis sintéticos e SAFs (combustível sustentável de aviação), entre outras aplicações.
Exportação
Nesta terça-feira (9/7), a Firjan, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e – Associação Brasileira de Hidrogênio (ABH2) promoveram o evento “Conexão Internacional do Hidrogênio: um futuro de baixa emissão de carbono”, abrangendo desde a produção da energia até o consumo final.
Durante o evento, o presidente da Associação Brasileira de Hidrogênio (ABH2),Paulo Emílio Valadão de Miranda, afirmou que, em 2050, o mundo estará consumindo mais de 500 milhões de toneladas do combustível e o Brasil pode se tornar exportador de hidrogênio. Para tanto, precisará desenvolver um mercado consumidor interno.
“Aos poucos, o hidrogênio deixará de ser cativo das empresas e será exportado, mas antes o Brasil tem de ter um mercado interno forte”, disse Miranda.
Um dos fatores que credencia o Brasil como um competitivo exportador de hidrogênio de baixo carbono tem como base a capacidade da infraestrutura portuária de atender grandes demandas, à proximidade do Brasil de seus consumidores e ao potencial da geração de energia renovável no país.
Combustível versátil e promissor, o hidrogênio pode ser utilizado em diversas indústrias como a de transporte, na geração de energia, na produção de amônia para fertilizantes e em processos de desulfurização em refinarias, na produção de ácido clorídrico, em processo de soldagem a arco, ou mesmo na fabricação de vidro.
“Estamos trabalhando com transição e integração energética. Temos que aproveitar também a competência natural do estado do Rio de Janeiro. Em Maricá, por exemplo, temos a indicação de um reservatório natural de hidrogênio. Então, por que não fazer uso. A gente já convive com o hidrogênio há muito tempo, mas ainda temos muito a desenvolver e ganhar escala. Esse é um mercado multimilionário e com uma expectativa de taxa de crescimento anual em 8% ao ano. É muito significativo”, conclui Thiago Valejo Rodrigues, gerente de projetos de petróleo, gás, energia e naval da Firjan Senai.