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Indústria paulista espera maturidade e neutralidade de Galípolo 

Durante evento em SP, presidente do Ciesp afirmou que Gabriel Galípolo precisa ser neutro para fazer os ajustes necessários

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Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp)
1 de 1 Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) - Foto: Divulgação/CNN

>As altas taxas de juros no Brasil e o impacto negativo no desenvolvimento da indústria foram uma unanimidade entre os participantes do evento “O Futuro da Indústria para o Setor Privado”, realizado pela CNN na manhã desta quinta-feira (29/8), em São Paulo.

O presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Rafael Cervone, disse considerar a indicação do nome de Gabriel Galípolo para presidência do Banco Central (BC) como positiva e afirmou esperar neutralidade para que o BC possa diminuir os juros.

“Espero que o Galípolo tenha maturidade o suficiente para ficar neutro, segurar pressões políticas e fazer uma política monetária que o Brasil precisa. Estamos vivendo uma política de juros elevada que trava muitas questões”, disse Cervone.

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Diretor de desenvolvimento industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi
Josué Gomes da Silva, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)
Presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Rafael Cervone
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Evento discute futuro da indústria

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Diretor de desenvolvimento industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi

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Josué Gomes da Silva, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)

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Presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Rafael Cervone

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CNN Talks em SP discute o futuro da indústria

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Também presente ao evento, Josué Gomes da Silva, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), também fez coro contra a alta dos juros e destacou que a soma dos juros pagos pela União nos últimos 10 anos é maior do que a soma dos valores investidos em educação, saúde e infraestrutura.

“Os juros pagos pela União somam, a valores atualizados para dezembro de 2023, R$ 4,7 trilhões. Neste mesmo período de 10 anos, na educação, na saúde e na infraestrutura investimos menos. Na saúde, foram R$ 1,85 trilhão, outros R$ 830 bilhões em investimentos e, na educação, R$ 1,76 trilhão. Os juros, portanto, são mais do que o somatório destas três rubricas do orçamento público”, pontuou.

Em sua avaliação, o Brasil só vai se tornar um país verdadeiramente próspero quando essa equação for invertida e o viver de renda não for mais lucrativo do que desenvolver uma atividade produtiva.

“Investindo em educação, infraestrutura, no setor produtivo e deixando de viver de renda. Precisamos compreender que, se todo dia um poupador preferir aplicar no mercado financeiro ao invés de desenvolver uma atividade produtiva, o país não terá futuro”, disse Josué.

Para o diretor de desenvolvimento industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi, o atual patamar da taxa básica de juros é um dos fatores que trava o desenvolvimento nacional, principalmente para o setor industrial.

“Quem perde é toda a sociedade brasileira. As famílias e as empresas perdem com juros elevados. A taxa básica poderia estar ao redor de 8%, quem diz isso é a ciência, a literatura econômica. Nós temos uma taxa artificialmente elevada, derivada da concentração bancária”, disse.

Segundo Lucchesi, além dos juros elevados, o país deve refletir sobre a alta carga tributária.

“Vivemos numa inércia, um empobrecimento e desindustrialização em um mundo que está mudando rapidamente.  Temos uma taxa artificialmente elevada, derivada da concentração bancária. O spread bancário no Brasil é de 31% ao ano, contra a taxa média do mundo de 7%. O Peru tem uma taxa média de 7%”, comparou.

Economia verde

Para tentar virar o jogo, além de baixar os juros, Lucchesi acredita que o país precisa reunir esforços em torno da economia verde e pensar como se esta fosse uma nova chance de reindustrialização, o que poderia tornar o país uma nova China.

“Somos a bola da vez para a economia verde. O Brasil pode se colocar na energia verde como a Arábia Saudita se coloca na energia fóssil. Podemos ser a nova China porque podemos pensar a energia verde como novo bloco de reindustrialização. Temos que pensar com mais ousadia e refletir sobre dois grande problemas: a alta taxa de juros e carga tributaria elevada, sobretudo pela indústria. Temos um setor empresarial sofisticado e, se resolvermos os problemas de longo prazo, o Brasil vai ter um ciclo de crescimento sustentável próspero nas próximas décadas”, defendeu Lucchesi.

A era da sustentabilidade também foi apontada por Maurílio Albanese, diretor de desenvolvimento tecnológico da Embraer, como um importante caminho a ser trilhado ao lado da inovação. Ele contou que, hoje, 50% da receita da Embraer é proveniente de produtos e serviços desenvolvidos nos últimos cinco anos.

“Se a gente deixar de inovar, em cinco anos a Embraer vai valer a metade do que vale hoje. Temos que buscar soluções com hidrogênio, voos que permitem a locomoção aérea mais simples, temos que continuar inovando”, pontuou.

Mais otimista entre todos os painelistas, André Clark, vice-presidente da Siemens Energy Brasil, disse que vê o copo do Brasil mais cheio e que é preciso acabar com o complexo do vira-lata.

“A ideia da Nova Política Industrial não é só mais uma ideia. O Brasil fez políticas industriais vitoriosas nos últimos anos, como a Embraer, o pré-sal, o proálcool, os investimentos nas cadeias de aerogeradores e o agronegócio. Isso não surgiu do nada. São políticas públicas. Tomamos decisões corretas”, afirmou.

Segundo Clark, o Brasil vive um momento único e próspero do ponto de vista da energia verde e é preciso valorizar os pontos fortes para que possamos decolar como potência.

“Vejo como uma oportunidade singular e o Brasil pode ter políticas industriais, tecnológicas e verdes para o mundo. No setor de energia estamos vivendo o maior ciclo de prosperidade que já vimos na história da humanidade. É a maior alocação de capital para as transições energéticas do planeta, é muito capital sendo locado. O Brasil é abençoado com gás e petróleo e a transição energética vai contar com o nosso mercado de gás”, concluiu.

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