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Representantes da indústria projetam investimentos de até R$ 20 bilhões, em dois anos, na compra de máquinas e equipamentos com a utilização do mecanismo da depreciação acelerada, uma solicitação do setor ao governo e cujo projeto de lei foi sancionado na última terça-feira (28/05).
As máquinas do parque fabril brasileiro têm, em média, 14 anos de uso e 38% delas estão próximas ou já ultrapassaram a idade sinalizada pelo fabricante como ciclo de vida ideal, aponta pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) de 2023.
“A depreciação acelerada é fundamental para a renovação do parque industrial brasileiro, que está envelhecido. O setor é afetado pela dificuldade de renovação, por conta dos juros altos e escassez de crédito. Esse instrumento é necessário para o incremento da competitividade”, ressaltou Igor Rocha, economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Segundo ele, a medida deve dar um impulso na taxa de investimento brasileira, a chamada formação bruta de capital fixo, que considera investimentos em máquinas, equipamentos e infraestrutura. “Para se desenvolver, um país precisa investir”, disse. A Fiesp estima um potencial de R$ 18 bilhões em novos investimentos no prazo de dois anos.
Com a depreciação acelerada, as empresas serão incentivadas a adquirir, até 2025, máquinas e equipamentos com custo financeiro reduzido. A dedução do valor pago pela compra do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) poderá ser feita em até dois anos. Hoje, o prazo médio é de 10 anos e pode ser de até 25 anos.
Estímulo
“A depreciação acelerada é usada pelas principais economias do mundo, justamente por conta da capacidade de estimular investimentos e impulsionar o crescimento econômico, com reflexos positivos sobre a criação de empregos”, destacou o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Rafael Lucchesi. A CNI calcula em R$ 20 bilhões o investimento com esse mecanismo em 2024 e 2025 juntos.
A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), que representa as empresas fabricantes daquilo que será vendido às demais indústrias, também projeta R$ 20 bilhões de investimentos. “O Brasil é o único país do mundo que tributa investimento. Além disso, o crédito é caro e difícil, então somos um país que investe pouco, em torno de 16,5% do PIB em 2023”, afirmou José Velloso, presidente-executivo da Abimaq.
“Com a depreciação acelerada, agora há um incentivo. O investimento de hoje é o crescimento de amanhã”, definiu Velloso.