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Firjan aposta em internacionalização em busca de troca de tecnologia

Troca de conhecimento com instituições de pesquisa, empresas, hubs de inovação e startups movimentou US$ 950 mil em cinco anos

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Paula Johas/ Firjan
Delegação de embaixadores de 20 nações da África no Rio de Janeiro
1 de 1 Delegação de embaixadores de 20 nações da África no Rio de Janeiro - Foto: Paula Johas/ Firjan

A internacionalização vem permitindo aos Institutos de Inovação (ISIs) e de Tecnologia (ISTs) da Firjan Senai e ao Centro de Inovação da Firjan SESI (CIS) promover transferência de tecnologia e aumentar a inovação nas indústrias nacionais. A troca de conhecimento com instituições de pesquisa, empresas, hubs de inovação e startups de 23 países já promoveu 19 visitas técnicas, sendo oito missões para América do Norte e Europa, e movimentou US$ 950 mil em cinco anos.

As parcerias internacionais acontecem em diversas áreas, como a biodiversidade, campo com um grande potencial para inovações e que pode gerar benefícios econômicos e ambientais significativos.

“Entendemos que internacionalização permite um salto de qualidade e evolução e sabemos que um país que tem portas abertas para enviar e receber a troca de informação mais fluida, mais rápida, beneficia a indústria. A internacionalização dos institutos nos coloca como player internacional no desenvolvimento de novos produtos, serviços e projetos”, explica Gustavo Rosa, superintendente de Negócios Internacionais do Senai.

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Ele conta que, muitas vezes, um problema que parece ser intransponível no Brasil pode ter uma solução já pronta em algum país parceiro. Nos últimos dois anos, foram realizadas  mais de mil ações internacionais, o que inclui visitas de especialistas e até mesmo o desenvolvimento conjunto de algum produto.

“Não é uma dificuldade declarada, mas quando se fala em tecnologia de ponta, ninguém acredita que o Brasil possa ser referência. A gente precisa quebrar essa desconfiança. Quando isso acontece, o relacionamento toma outro patamar. Alguns acham que o Brasil não é tecnológico, mas é, e muito”, pondera Rosa.

Hoje, os institutos têm cinco projetos internacionais ativos, com destaque para Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) na área de produtos baseados em bioativos da biodiversidade brasileira com Alemanha e Dinamarca.

Uma das parcerias acontece entre o Instituto Senai de Inovação em Química Verde (ISI-QV), da Firjan,  e a Alemanha com projetos que envolvem o fomento de P&D entre os dois países, além do treinamento de pessoal em bioeconomia. Com financiamento do governo alemão há dois anos, o projeto agrega valor à indústria do Brasil ao promover a transferência de conhecimentos técnicos avançados e a implementação de práticas sustentáveis, que podem aumentar a competitividade das empresas locais.

“Nos intercâmbios, levamos as tecnologias do Brasil para fora, assim como recebemos conhecimento e novas tecnologias. As inovações dos institutos se somam às do exterior, em um trabalho conjunto. Com as parcerias, conseguimos divulgar e favorecer a indústria nacional para aumentar a competitividade lá fora, reduzir os gaps e trazer para nossas empresas muita tecnologia”, ressalta Paulo Roberto Furio, gerente de pesquisa e desenvolvimento da Firjan Senai.

Em boa parte das parcerias, a colaboração vem promovendo a internacionalização das empresas brasileiras e facilitando o desenvolvimento de novos produtos.

“Os produtos brasileiros são mais competitivos que qualquer outro país em termos de sustentabilidade. Em alguns casos, estamos usando a tecnologia para extrair princípios ativos da flora brasileira e desenvolver nosso modelo de negócio para que a gente passe a fornecer uma commodity para estas empresas multinacionais com produto de valor agregado”, explicou Furio.

Saneamento

Outro projeto importante, que envolve também o ISI-QV, tem como foco o tratamento de água e saneamento. Dessa vez, a parceria é com o governo e instituições da Dinamarca. Ainda neste tema, na Alemanha, pesquisadores brasileiros conheceram uma tecnologia de tratamento de água para grandes cidades que trata resíduos de medicamentos e, agora, tentam implementá-la no Brasil.

“Na Europa,  as pessoas jogam muito remédio no vaso sanitário e a água fica contaminada com medicamentos, com antibióticos que causam problemas na população. Durante a viagem, encontramos um parceiro e estamos negociando com algumas cidades aqui no Brasil, mostrando a possibilidade para prefeituras e empresas de saneamento que foram privatizadas para implementar essa tecnologia”, contou Furio.

Em sua avaliação, ainda há um gap enorme entre o setor de indústria e o de pesquisa, mas com a ajuda do Senai, o setor vai se tornar mais competitivo.

“Somos a casa das indústrias e não conseguimos transformar ciência em produto, mas o Senai se posicionou para ser essa ponte entre a academia e a indústria e estamos reduzindo esse gap. Em 5 anos, o Senai vai ser visto como um ente que contribuiu para que nossas indústrias se tornassem competitivas”, acredita Furio.

Recentemente, para fortalecer as possibilidades de cooperação e ampliar o fluxo de negócios entre países africanos e o estado do Rio de Janeiro, a Firjan recebeu uma delegação de embaixadores de 20 nações da África. As potencialidades de cooperação técnica em áreas de pesquisa, desenvolvimento e inovação  foram apresentados aos diplomatas.

Há ainda ações com governos e empresas da Suíça, Suécia e Turquia. A parceria entre Firjan Senai e Swissnex, por exemplo, foca na promoção da indústria brasileira e suíça, com ênfase em P&D. Já a parceria com a empresa sueca Dakmatter, sob a iniciativa da Sweden Brazil Innovation Initiative, visa o desenvolvimento de pesquisas na área de produtos naturais. E a colaboração com a empresa turca PMO Partners está focada no desenvolvimento de tecnologia na área da indústria química.

Já o Instituto Senai de Tecnologia em Solda (IST Solda) fez um estudo para uma multinacional sediada na Bélgica utilizando testes de comparação entre as propriedades mecânicas ao longo do tempo de caixas de polietileno de alta densidade (PEAD), tanto novas quanto usadas, que armazenam garrafas de bebidas.

Foram realizados diversos ensaios mecânicos, o que permitiu à empresa ter um entendimento mais profundo sobre o material e as influências das propriedades mecânicas ao longo do tempo, contribuindo para determinar a vida útil dessas caixas. Em outro projeto, está sendo desenvolvido um motor de carro que aceita cinco combustíveis.

Apoio à saúde ocupacional

Com um um histórico de projetos com a multinacional alemã Boehringer, do setor farmacêutico, o Centro de Inovação Firjan SESI em Saúde Ocupacional (CIS-SO) vem desenvolvendo estudos que analisam bancos de dados disponíveis no Brasil para avaliar o impacto socioeconômico de doenças crônicas.

Um dos trabalhos avaliou pacientes com a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), doença que afeta mais de 13 milhões de pessoas no Brasil, levando em conta a quantidade de dias perdidos com a doença e o impacto tanto previdenciário como na produtividade das empresas. Para realizar a pesquisa, o instituto analisou 74 milhões de registros dos sistemas de Saúde e de Seguridade Social.

A pesquisa identificou 6% de perda de produtividade profissional em razão da ausência ou afastamento do trabalho por DPOC. Há ainda uma perda de produtividade de 17% causada pelos sintomas da doença em trabalhadores que seguem trabalhando. Em relação aos impactos da doença na saúde ocupacional, em 72% dos casos, o diagnóstico impediu a continuidade das atividades no trabalho.

Agora, o CIS-SO está fazendo estudo semelhante para o déficit cognitivo associado à esquizofrenia e ao Acidente Vascular Cerebral (AVC). Essa atuação do centro abre espaço para se fazer esse mesmo trabalho em outros países, o que está sendo negociado com a Boehringer.

Negociação de estaleiro

Os institutos de Química e Meio Ambiente, Solda e Automação e a área de Responsabilidade Social da Firjan Sesi estão negociando uma parceria com a startup alemã Black Forest, para montar um estaleiro no entorno da Baía de Guanabara e beneficiar plásticos coletados na baía. A Black Forest já ganhou um edital do governo alemão para financiar o projeto.

Os institutos vão instalar o estaleiro e seus equipamentos, tratar do licenciamento ambiental do projeto, além de promover oficinas ambientais, entrevistas com os pescadores da região sobre suas necessidades e análise sobre qual a melhor rota para o tipo de plástico coletado.

Nesse rol de parcerias e intercâmbios, uma delegação chinesa fez visitas técnicas aos institutos de Química Verde; Inspeção e Integridade; e Sistemas Virtuais de Produção. Os chineses mostraram interesse nas conversas sobre as inovações verdes, em material e na área digital.

“A visita foi muito produtiva. Uma oportunidade de mostrar muito do que fazem os ISIs nas áreas de educação e inovação. A troca com outros países é uma via de mão dupla, observamos de forma efetiva um crescimento dos pesquisadores, o aprimoramento das tecnologias desenvolvidas e a incorporação de conhecimento que consegue alavancar soluções”, explica Furio.

Segundo Gustavo Rosa, a missão chinesa se surpreendeu com a metodologia de educação brasileira e com o diálogo entre pesquisadores e a indústria. Alguns projetos discutidos são a criação de um Centro Educacional Brasil-China para ser desenvolvido de forma virtual, com itinerário de formação profissional; o desenvolvimento da tecnologia de solda para outras possibilidades; e um serviço para a indústria sobre base de dados (big data), além de serviços de educação.

“Olhamos tecnologias que interessam tanto para o Brasil quanto para a China, que podem evoluir para uma instituição de educação e de inovação virtual. As tecnologias que eles trouxeram têm muito a agregar ao que a gente está fazendo e, pelo que foi comentado por eles, a nossa forma de trabalhar, a nossa metodologia de educação e o nosso diálogo com a indústria é algo que salta aos olhos dos chineses”, concluiu Rosa.

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