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Falta de mão de obra é desafio para desenvolver IA no Brasil

Plano do governo federal prevê R$ 23 bilhões de investimentos em quatro anos e visa transformar o país em referência mundial em IA

atualizado

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Everton Amaro / Fiesp
“Summit Inteligência Artificial” na sede da Fiesp
1 de 1 “Summit Inteligência Artificial” na sede da Fiesp - Foto: Everton Amaro / Fiesp

O Plano Brasileiro de Inteligência Artificial do governo federal foi debatido durante a abertura do segundo dia do Summit Inteligência Artificial, realizado na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). O projeto prevê R$ 23 bilhões de investimentos em quatro anos e visa transformar o país em referência mundial em inovação e eficiência no uso da IA, especialmente no setor público.

Na avaliação do presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Carlos Américo Pacheco, o plano é um avanço enorme em relação à antiga estratégia brasileira de inteligência artificial. “É ambicioso, e tem uma coisa que é rara no Brasil: identifica quais são as fontes de recursos para cada uma das ações”, pontuou. 

Pacheco ressaltou que o brasileiro tem uma facilidade muito grande para aderir a novas tecnologias, mas que isso não basta, sendo necessário acabar com um gargalo na educação e investir na capacitação de profissionais que possam desenvolver novas ferramentas. Segundo ele, a falta de mão de obra especializada é um dos maiores desafios.

“Nós somos um dos maiores usuários globais do chat GPT.  Nos posicionamos bem como usuários, mas é preciso ver que entre ser usuário e desenvolvedor de inteligência artificial há uma certa distância. Uma coisa é ser usuário de novas ferramentas, outra é ter capacidade de desenvolver algoritmos novos, ou ter capacidade computacional de rodar modelos novos de IA. Nesse aspecto, a gente não se situa numa posição tão boa porque há uma carência razoável de gente qualificada trabalhando nesse assunto. E aqui será um gargalo enorme. Não falo só de um super PHD, que se formou em inteligência artificial, mas de gente em todos os níveis”, explicou.

Ele lembrou que, entre 2019 e 2022, o Censo da Educação Superior revelou que as matrículas nos cursos de engenharia caíram de 200 mil para 150 mil anuais. E que este é o momento de aproveitar o “hype” da IA para estimular os jovens a estudar o tema

“A vantagem é que a inteligência artificial está na moda e a gente pode usar um pouco dessa moda e desse entusiasmo da juventude para ter programas de formação mais abertos, mais heterogêneos, muito mais flexíveis do que a formação tradicional convencional”, sugeriu.

Hoje a Fapesp financia, com o apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia e do Comitê Gestor da Internet, 11 centros de inteligência artificial em universidades brasileiras espalhados pelo Brasil, todos com parceria com empresas. 

“Aportamos R$ 120 milhões e temos R$ 400 milhões de contrapartida privada ou das instituições nesses centros em todo o Brasil. São centros que criam a possibilidade de formar profissionais em diversos níveis”, detalhou.

Para o presidente da Comissão de Inteligência Artificial, Políticas Públicas e Empresariais da Fiesp, Sylvio Gomide, a inteligência artificial “veio para ficar” por gerar competitividade, aumentar a velocidade de tomada de decisões, e conseguir analisar um volume muito grande de dados em tempo real. Segundo pesquisa realizada pela Fiesp, os empresários sentem que ainda necessitam de ajuda para implementar a IA em seus negócios.

“Hoje, 60% das empresas precisam de suporte em diferentes aspectos. No âmbito financeiro, metade delas demanda por linhas de financiamento voltadas para a IA, de bancos de desenvolvimento e agências de fomento. Para suporte técnico, metade das empresas cita a importância de consultorias especializadas, enquanto pequenas empresas veem o Senai como a melhor alternativa de ajuda”, contou.

Desenvolvimento econômico

Na avaliação do diretor do Departamento de Incentivos às Tecnologias Digitais do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, Hamilton Mendes, o Brasil está seguindo passos de muitos países e construindo um plano com a intensa participação de todos os atores da sociedade. Ele acredita ser possível desenvolver o país economicamente com o uso da Inteligência Artificial (IA).

“A IA tem potencial para impulsionar o desenvolvimento social e econômico no Brasil. E, com isso, dotar nossa sociedade de meios para superar as simetrias e carências que ainda assolam a nossa sociedade, não obstante o Brasil ser reconhecidamente entendido como um país de muitos recursos, não só recursos naturais, mas especialmente recursos humanos”, pontuou Hamilton.

A proposta do governo federal prevê o desenvolvimento de soluções em IA que melhorem significativamente a qualidade de vida da população, otimizando a entrega de serviços públicos e promovendo a inclusão social. Para alcançar esses objetivos, o plano prevê a criação de um supercomputador de alta performance, essencial para o processamento de grandes volumes de dados e o desenvolvimento de algoritmos avançados de IA.

Para Mendes é primordial que o Brasil não se conforme com o papel de um mero consumidor de soluções e plataformas que venham atender necessidades imediatas de setores que já são competitivos, como é o caso do agronegócio, ou mesmo de óleo e gás, ou ainda da cadeia mineral. Para se diferenciar, é preciso apoiar o empreendedorismo e a retenção de talentos.

“Precisamos tomar partido dessas vantagens comparativas e criar além da questão de apoio ao empreendedorismo, a formação e a retenção de talentos, porque também não adianta só formar talentos e perdê-los para a concorrência. Temos que ter condições de retê-los. Temos que criar ambientes do sistema de pesquisa e desenvolvimento motivados a continuar no país, fortalecer os programas de apoio ao empreendedorismo e startups inovadoras, trazendo ganhos e ampliando a geração de empregos qualificados”, defendeu o diretor do  Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.

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