CNI: cresce preocupação com o custo de trabalhadores qualificados
Elevada carga tributária e custo de matérias-primas completam a lista dos principais problemas enfrentados pela indústria
atualizado
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A falta ou alto custo de trabalhadores qualificados emergiu como a preocupação que mais cresceu entre os industriais no terceiro trimestre de 2024, segundo a Sondagem Industrial divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta sexta-feira (18/10). O percentual de empresários que identificaram essa questão como um dos principais problemas enfrentados pelas empresas subiu de 18,6% para 23%.
Esse problema, que anteriormente ocupava a sexta posição na lista de preocupações, saltou para a terceira posição. A elevada carga tributária continua sendo a principal preocupação, com 33,6% dos empresários apontando-a como um desafio significativo. Em seguida, a falta ou alto custo de matéria-prima passou da terceira para a segunda posição, com 24,9%.
Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI, destaca que os desafios relacionados à oferta e qualificação da mão-de-obra têm impacto direto na performance da indústria. “Esse é um problema que vem crescendo há alguns trimestres. O mercado de trabalho aquecido e o aumento da produção pressionam os custos das empresas, o que pode prejudicar a recuperação da indústria no médio prazo”, afirma.
Apesar das dificuldades, os índices relacionados à condição financeira das empresas apresentaram melhora. A avaliação dos empresários quanto à situação financeira subiu 1,4 ponto, atingindo 51,7 pontos. O acesso ao crédito também se tornou um pouco mais fácil, com o índice crescendo 1,6 ponto, embora ainda esteja abaixo dos 50 pontos, indicando que as dificuldades persistem.
Azevedo alerta que a recente elevação da taxa Selic pode complicar ainda mais a tomada de crédito. “O novo ciclo de aumento de juros pode trazer desafios adicionais no próximo trimestre”, observa.
A pesquisa também revelou uma leve melhora na satisfação dos empresários com o lucro operacional, que subiu para 47 pontos, além de um aumento na percepção dos preços das matérias-primas, que agora está em 62,9 pontos.
Produção e emprego
Embora a produção industrial tenha recuado em setembro, após um período de crescimento em julho e agosto, o emprego no setor industrial apresentou crescimento. O indicador que mede o número de empregados alcançou 51,1 pontos, mostrando que o emprego industrial aumentou em todas as regiões, exceto no Sudeste.
A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) se manteve em 72%, superando a média histórica, enquanto o nível de estoques caiu, indicando uma redução no volume em pequenas e médias empresas.
O levantamento mostrou que as expectativas para os próximos meses estão mais moderadas, com a expectativa de demanda e de compras de matérias-primas registrando quedas. No entanto, a intenção de investimento continua em alta, com o índice atingindo 58,3 pontos, o que indica um otimismo em relação ao futuro.
Nesta edição da Sondagem Industrial, a CNI entrevistou 1.579 empresas, de diferentes portes, entre os dias 1 e 10 de outubro de 2024, refletindo uma visão abrangente do setor industrial no Brasil.