CNI: 54% das obras públicas do Sudeste estão paralisadas, diz estudo
Estudo detalha infraestrutura e lista obras prioritárias para os 4 estados da região, além de potencial para petróleo e setor portuário
atualizado
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A Confederação Nacional da Indústria (CNI) publicou nesta terça-feira (15/10) o estudo “Panorama da Infraestrutura – Região Sudeste”, com um retrato detalhado da infraestrutura da região, que é responsável por 52% do PIB industrial brasileiro. Dentre os dados levantados, a pesquisa revelou dos 4.325 contratos analisados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) foram identificadas 2.338 obras públicas paralisadas (54%) na região, afetando especialmente os setores de saneamento e transporte.
O relatório destaca ainda os desafios enfrentados em áreas cruciais como energia, saneamento básico e telecomunicações, elementos fundamentais para a competitividade e desenvolvimento da indústria local. Sem uma infraestrutura robusta, o documento indica que o Sudeste enfrenta sérios entraves à competitividade global, exigindo uma maior participação do setor privado nos investimentos e na gestão dos projetos de infraestrutura.
O presidente da CNI, Ricardo Alban, ressalta que o estudo busca contribuir para a melhoria da infraestrutura na região, fator fundamental para o fortalecimento da indústria e da economia.
“O setor produtivo brasileiro sente o elevado déficit de infraestrutura e os efeitos da deterioração das condições nessa importante área da economia. Estradas sem conservação, energia cara e restrições para o acesso aos principais portos repercutem diretamente na competitividade da indústria nacional e na atração de investimentos para o país”, afirma Alban.
O estudo sublinha ainda a necessidade urgente de modernização e expansão da infraestrutura para superar o atual déficit e impulsionar o crescimento econômico. Entre os principais pontos, o relatório ressalta que o Sudeste é responsável por 98% da produção nacional de petróleo e cerca de 80% da produção de gás natural. O Porto de Santos, maior da região, movimentou 4,3 milhões de TEUs em 2023, correspondendo a 37% da movimentação nacional de contêineres. No entanto, a infraestrutura da região não corresponde à importância econômica dos portos.
O mesmo acontece com a malha ferroviária. Este é outro ponto crítico e, apesar de ter movimentado 578 milhões de toneladas úteis, sendo que o minério de ferro correspondeu a 71% do volume transportado, ainda requer investimentos e retomada de obras.
“Os maiores problemas de infraestrutura no Sudeste estão associados ao transporte rodoviário e às condições de acesso marítimo aos principais portos. A precariedade das rodovias públicas e o comprometimento da capacidade no Porto de Santos preocupam o setor industrial”, destaca o diretor de Relações Institucionais da CNI, Roberto Muniz.
O diretor alerta que a construção de uma agenda de investimentos na infraestrutura é um trabalho complexo, considerando um país de dimensões continentais como o Brasil. “Cada região tem suas particularidades e, portanto, diferentes estratégias devem ser adotadas para atender às necessidades locais, promovendo a eficiência e sustentabilidade dos projetos”, acrescenta Muniz.
Recomendações
Para avançar, o relatório faz algumas recomendações de investimentos em áreas como energia, gás natural, biometano, saneamento básico, e telecomunicações, entre outras. Algumas das principais sugestões são a conclusão do Parque Termelétrico no Norte Fluminense (RJ), com o desenvolvimento de nove projetos licenciados que somam mais de 17 GW de capacidade instalada, usando gás natural produzido no estado.
O aproveitamento do biometano em São Paulo no setor sucroenergético e resíduos sólidos urbanos (RSU), gerando um biocombustível de alta qualidade, a ampliação da rede de distribuição de gás natural em Minas Gerais, além de investimentos em saneamento básico em São Paulo, com investimentos previstos de aproximadamente R$ 70 bilhões para a universalização dos serviços de saneamento até 2029.
Os dados indicam que para o Sudeste superar as restrições logísticas é fundamental que sejam priorizadas obras de manutenção, adequação e expansão de corredores logísticos estratégicos, como a Ferrovia Centro Atlântica (FCA), a BR-381, a BR-116, a BR-101, a BR-262 e a Terceira Via de Ligação entre a Baixada Santista e a Capital Paulista.
O documento também cita a necessidade de adequação, manutenção e expansão dos seguintes corredores rodoviários estratégicos: BR-040; BR-101; BR-116; BR-135; BR-251; BR-259; BR-262; BR-264; BR-342; BR-356; BR-365; e BR-447.