Carga tributária é apontada como principal desafio da construção civil
Para 25,4% dos empresários do setor, o alto custo da mão de obra qualificada e as elevadas taxas de juro também são desafios
atualizado
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A indústria da construção civil brasileira aponta a carga tributária como o maior desafio no 3º trimestre de 2024. Segundo a Sondagem Indústria da Construção, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), 29,2% dos empresários do setor apontaram os tributos elevados como o principal problema do setor. Em seguida, empatados com 25,4%, aparecem o alto custo da mão de obra qualificada e as elevadas taxas de juros.
A falta de mão de obra não qualificada, citada por 22% dos empresários, e a burocracia excessiva, mencionada por 20,5%, completam o ranking dos principais entraves para o setor. “Esses fatores, somados, refletem uma crescente insatisfação dos empresários com as condições financeiras de suas empresas”, afirma o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo.
O levantamento também revelou que a avaliação dos empresários quanto à situação financeira de suas empresas piorou no 3º trimestre. O índice caiu para 47,7 pontos, um ponto abaixo do trimestre anterior. O índice de lucro operacional também recuou, atingindo 45,4 pontos, reforçando a insatisfação. Houve também percepção de alta nos preços de insumos e matérias-primas, com o indicador de custo subindo para 61,3 pontos, embora de forma menos intensa que no trimestre anterior.
O acesso ao crédito ainda é uma dificuldade para o setor, apesar de um leve avanço de 1,2 ponto, com o índice marcando 40,3 pontos. “Ainda que tenha melhorado, o acesso ao crédito continua desafiador para a maioria dos empresários, o que limita a capacidade de investimento e expansão do setor”, complementa Azevedo.
Expectativas positivas
Apesar dos desafios, o otimismo parece crescer entre os empresários. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) da Construção subiu 1,2 ponto em outubro, alcançando 54,5 pontos, o segundo maior valor do ano. Esse aumento foi impulsionado pelas expectativas otimistas para os próximos seis meses, especialmente nas atividades, novos empreendimentos, compras de insumos e aumento de mão de obra.
“Essa alta na confiança reflete as boas expectativas para o próximo semestre, indicando que, embora enfrentem dificuldades, os empresários estão esperançosos de que o desempenho do setor e da economia melhore”, afirma Azevedo.
O índice de intenção de investimento também subiu 2,5 pontos em outubro, atingindo 46,4 pontos, superando a média histórica e indicando disposição do setor para crescer e expandir suas operações.
Em setembro, o índice de nível de atividade da construção registrou 49,4 pontos, marcando o segundo mês consecutivo abaixo dos 50 pontos, o que reflete uma retração no setor. O número de empregados também caiu, com o índice de emprego ficando em 48,4 pontos, apontando para uma redução no quadro de trabalhadores. Além disso, a Utilização da Capacidade Operacional (UCO) caiu um ponto percentual, atingindo 67%, mas ainda se mantém três pontos acima da média histórica do mês.
A pesquisa da CNI foi realizada entre 1º e 10 de outubro de 2024, com a participação de 322 empresas do setor, entre elas 129 de pequeno porte, 129 de médio porte e 74 de grande porte.