Brasil cai em ranking global de competitividade da Firjan
Singapura, Suíça e Dinamarca lideram a lista. Brasil fica atrás de vizinhos como Uruguai e Chile, evidenciando os desafios estruturais
atualizado
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O Índice Firjan de Competitividade Global (IFCG), apresentado nesta quarta-feira (11/12) pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), revela que o Brasil ocupa a 46ª posição entre 66 países analisados, registrando uma perda de seis colocações nos últimos 10 anos. Enquanto Singapura, Suíça e Dinamarca lideram a lista, o Brasil fica atrás de vizinhos como Uruguai e Chile, evidenciando os desafios estruturais que limitam a competitividade.
“Um dos graves problemas estruturais do Brasil é que as pessoas acabam não tendo acesso a uma educação de qualidade. Isso vira uma barreira para que consigam melhores postos de trabalho e um gargalo para as empresas que não conseguem mão de obra preparada para os novos tempos, à altura dos enormes desafios que as transformações tecnológicas impõem”, ressalta o presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano.
O IFCG avalia os países em quatro pilares: eficiência do Estado, ambiente de negócios, infraestrutura e capital humano. O Brasil apresentou desempenho abaixo da média global em todos eles.
Confira:
Eficiência do Estado: o Brasil está na 52ª posição, refletindo problemas como altos índices de corrupção e baixa eficácia governamental. A segurança jurídica no país é 31%, inferior à média dos líderes do ranking, como Dinamarca e Suíça.
Ambiente de negócios: na 51ª colocação, o Brasil sofre com instabilidade política e baixa qualidade regulatória. A estabilidade política na Argentina, por exemplo, supera a brasileira, e a qualidade regulatória do Brasil é 52% inferior à do Chile.
Infraestrutura: ocupando a 47ª posição, o Brasil apresenta uma taxa de investimento em infraestrutura de 18% ao ano, muito abaixo da China (43%) e da Índia (33%). Além disso, o tempo médio para conexão elétrica no Brasil é de 128 dias, mais que o dobro do registrado na Índia (53 dias).
Capital humano: este é o pilar com melhor desempenho relativo, na 33ª posição, mas ainda revela lacunas significativas. Enquanto países como Suíça e Coreia do Sul investem em média US$ 22 mil por aluno ao ano, o Brasil destina apenas US$ 3,7 mil. Em pesquisa e desenvolvimento, o Brasil investe 1,2% do PIB, contra 4,6% da Coreia do Sul
Aprendizado
O levantamento também destaca que o Brasil precisa aprender com países que estão muito à frente na questão da competitividade, como Singapura, Suíça e Dinamarca.
“É urgente que o Brasil comece um movimento efetivo, com políticas públicas para reverter o quadro em que se encontra hoje: um gigante, que poderia andar lado a lado com as grandes potências mundiais, mas que fica atrás na corrida da competitividade porque não consegue aproveitar todo o seu potencial”, enfatiza Caetano.
Embora o Brasil tenha perdido posições, outros países também enfrentam dificuldades. O Chile e a África do Sul, por exemplo, apresentaram quedas significativas em competitividade. Em contraste, Índia e Coreia do Sul avançaram, evidenciando que investimentos estratégicos em inovação e capital humano são determinantes para melhorar em rankings globais.
O estudo da Firjan reforça a necessidade de uma agenda nacional focada em reformas estruturais e no fortalecimento da governança, criando um ambiente propício ao desenvolvimento econômico sustentável e competitivo.