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A demanda da indústria brasileira por financiamento está em alta. E não faltarão recursos para atender os pedidos, garante o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os desembolsos para o setor em 2023 chegaram a R$ 21,8 bilhões, 14% acima dos R$ 19,1 bilhões de 2022.
E de janeiro a março deste ano, as consultas pelas empresas industriais estão em R$ 23,9 bilhões, mais do que o dobro do mesmo período do ano passado (R$ 10,6 bilhões), um forte indicativo de crescimento do total a ser financiado. A consulta é a primeira fase do processo de um financiamento no banco público de fomento, tendo ainda a aprovação e o desembolso.
Representantes da indústria têm demonstrado preocupação sobre o financiamento do setor. Para eles, não há linhas de crédito incentivadas, como existem para outros setores, e as modalidades comuns, de mercado, são muito elevadas e de difícil acesso para as empresas de menor porte.
José Luis Gordon, diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do banco, garantiu que haverá recurso suficiente para atender a demanda da indústria, mesmo se ela crescer ainda mais nos próximos meses. “Tem demanda e tem recurso. A indústria não vai ficar sem financiamento”, sentenciou.
De acordo com ele, ainda há uma demanda reprimida, uma vez que nos últimos anos as empresas do setor diminuíram muito as solicitações, “por uma série de razões, inclusive por falta de foco do banco e do governo para a indústria”. “O setor precisa se reorganizar para pedir todos os recursos disponíveis, agora ele pode lutar por mais recursos”, afirmou Gordon.
Gordon disse que o governo tem “trabalhado fortemente” para estruturar ações de reconstrução da indústria. “Nos últimos 6 anos houve uma destruição da indústria brasileira. Temos de lutar contra quem não vê no setor o futuro da economia brasileira”, disse o diretor do BNDES.
O banco terá R$ 260 bilhões de funding (captação de recursos) até o final de 2026 para financiar o Plano Mais Produção, dentro da Nova Indústria Brasil (NIB), a política industrial anunciada em janeiro deste ano pelo governo.
Além desses valores, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) terão outros R$ 40 bilhões, totalizando R$ 300 bilhões para a NIB.
José Luis Gordon explicou que as taxas de juros e os spreads para a empresas variam de acordo com a destinação do recurso. Um exemplo é um empréstimo para inovação, um dos quatro eixos do Plano Mais Produção, que tem custo de TR mais 2% de spread. São R$ 40 bilhões nessa linha, além de outros R$ 20 bilhões não reembolsáveis na Finep.
Para exportação são outros R$ 40 bilhões em quatro anos, com spreads de 0,5% ao ano para Micro, Pequena e Médias empresas ou de 0,80% a 1,05% para empresas maiores, além de TLP, Selic ou SOFR, taxas utilizadas para exportação.
O BNDES conta agora com um novo instrumento de funding, a Letra de Crédito de Desenvolvimento (LCD), título de renda fixa com isenção tributária, como as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e de Infraestrutura (LCI). São fontes de captação muito aceitas pelos investidores, que tinham comprado, até o final de 2023, mais de R$ 1,4 trilhão desses instrumentos incentivados. O BNDES planeja captar R$ 10 bilhões por ano em LCDs.
“Temos uma grande expectativa de captação por meio das LCDs, que trarão crédito ao banco para que a gente possa financiar o setor produtivo”, informou Gordon. Segundo ele, todo o incentivo fiscal conquistado pela LCD será repassado ao tomador do empréstimo pelo banco. “Vamos repassar a totalidade do incentivo, não tem sentido algum o banco reter essa parcela”, garantiu.