Apesar de desafios, Fiesp defende acordo União Europeia-Mercosul
Durante a abertura do Fórum Empresarial Brasil-Itália, Ministro-Chefe da Casa Civil, Rui Costa, convidou italianos a investirem no país
atualizado
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Durante a abertura do Fórum Empresarial Brasil-Itália nesta quarta-feira (9/10), o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, afirmou que a indústria brasileira é favorável ao Acordo União Europeia-Mercosul. O união entre os dois blocos vem sendo costurado há mais de 20 anos, mas ainda esbarra em pendências ligadas a temas comerciais e ambientais.
“Estamos muito conscientes dos desafios para concluirmos o acordo, mas queremos dizer que a indústria brasileira é favorável a este acordo, o que nos beneficia, assim como as indústrias europeias e as empresas de ambas as regiões. Gostaríamos de aplaudir a União Europeia de adiar por um ano a lei do desmatamento, para que as empresas possam se adaptar para evitar a escalada de preço dos alimentos. As empresas brasileiras estão em condições de atender à União Europeia”, garantiu Josué.
A proposta de adiamento da lei antidesmatamento da União Europeia, anunciada na quarta-feira (2/10) pela Comissão Europeia, foi considerada uma vitória por países produtores de commodities e da indústria, como é o caso do Brasil. A legislação proíbe a importação pela União Europeia de produtos como café, cacau, soja e carne bovina, provenientes de áreas desmatadas, mesmo legalmente. A lei, que deveria entrar em vigor em 30 de dezembro deste ano, deve entrar em vigor em 30 de dezembro de 2025 para as grandes empresas, e em julho de 2026 para as pequenas e médias empresas (PMEs).
O encontro realizado na sede da Fiesp debate a cooperação entre os dois países nas áreas de agroindústria, infraestrutura, energia, biocombustíveis, mecânica, mineração, siderurgia e tratamento de águas. Durante a abertura do evento, o Ministro-Chefe da Casa Civil, Rui Costa, também frisou que o país está pronto para assinar o acordo com a União Europeia.
“Foram gerados 3,2 milhões de novos empregos formais no Brasil. A economia brasileira mostra sua solidez e sua taxa de crescimento expressiva. A inflação de 12 meses está dentro do intervalo de tolerância da meta. O Brasil passará de déficit primário de 2,1% do PIB em 2023 para algo em torno de 0,6% do PIB, o que mostra esforço enorme do governo e compromisso do presidente Lula com o equilíbrio fiscal”, pontuou o ministro.
Ele destacou os investimentos de R$ 1,8 trilhão previstos pelo Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em linhas de atuação que vão do transporte sustentável à inclusão digital, passando por segurança energética, educação, ciência, saúde e saneamento. E também reforçou que o governo vai realizar o leilão de 28 projetos de concessão de rodovias até 2026, carteira que ainda pode aumentar nos próximos meses.
Na presença do vice-premiê e ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, Costa convidou empresas italianas a investir em setores como infraestrutura e energia no Brasil. “Os italianos já possuem muitos investimentos no Brasil, mas estamos tendo muitos investimentos de outras nações no Brasil, então é preciso que os italianos invistam mais para manter ou aumentar seu percentual”, declarou Costa.
Segundo o ministro, o Brasil é um dos poucos países que combina crescimento sustentável, redução da pobreza e desigualdade.
“O Brasil tinha saído do Mapa da Fome, e esse ano conseguimos reduzir os dados de fome do Brasil. Temos como meta, até 2026, retirar o Brasil do Mapa da Fome no mundo. Temos bases sólidas para um crescimento sustentável”, ressaltou o ministro.
Parceria comercial com a Itália
O evento é organizado pelo Ministério das Relações Exteriores e da Cooperação Internacional da República Italiana e conta com a colaboração da ICE, agência para a promoção no exterior e a internacionalização das empresas italianas.
Dados da Eurostat revelam que, em 2023, o valor total das transações comerciais italianas no mundo foi de US$ 1,31 trilhão. Os principais parceiros da Itália são, entre outros, Alemanha, França, Estados Unidos e China. O maior deles é a Alemanha, com mais de US$ 176 bilhões em transações realizadas no ano passado.
Na América Latina, o Brasil é o principal parceiro comercial da Itália. Em 2023, o comércio entre os dois países atingiu US$ 10,6 bilhões. Esse valor supera o do México e da Argentina, respectivamente, US$ 7,9 bilhões e US$ 2,5 bilhões.
No ano passado, as exportações italianas para o Brasil atingiram US$ 5,69 bilhões, o que coloca o país em uma posição relevante entre os mercados emergentes, à frente de outros membros dos BRICS, como a Índia (US$ 5,50 bilhões) e a Rússia (US$ 3,03 bilhões).
Na comparação com 2022, as exportações italianas para o Brasil registraram um aumento de 9,4%, segundo maior incremento verificado entre os países da América Latina, depois do México, que apresentou um aumento das compras de produtos italianos em 2023 em relação a 2022 de 15,8%.
As importações italianas somaram US$ 639,8 bilhões em 2023. China e Estados Unidos são seus principais fornecedores, dos quais adquiriu, respectivamente, o equivalente a US$ 51,4 bilhões e US$ 26,3 bilhões. O Brasil é o segundo maior mercado fornecedor dos italianos nas Américas, tendo enviado para a Itália em 2023 o equivalente a USD 4,9 bilhões em produtos.