“Importante que setor esteja unido”, diz Alckmin sobre crise na Fiesp
Ao seu modo, Geraldo Alckmin, ministro da Indústria, deu declaração de apoio ao presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva
atualizado
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A presença do vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, na primeira reunião de diretoria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) acabou fortalecendo internamente o comandante da entidade, Josué Gomes da Silva.
O empresário é alvo de pequenos sindicatos patronais do setor que defendem sua destituição. Neste momento, acontece uma assembleia extraordinária pedida por esses sindicatos para discutir, entre outros assuntos, a permanência de Josué à frente da federação.
Mais cedo, ao ser questionado sobre a crise política na Fiesp, Alckmin tentou despistar os jornalistas, mas acabou, ao seu modo, dando uma declaração de apoio ao atual presidente da entidade.
“Esse é um assunto interno da Fiesp. Não faço parte da Fiesp. Mas quero registrar o meu enorme apreço pelo presidente Josué”, disse Alckmin, pouco depois de participar da reunião de diretoria.
“Josué é um grande industrial brasileiro, uma grande liderança. Espero que essa situação logo se resolva. É importante que esse setor todo esteja unido. Vamos fortalecer esse laço com a Fiesp para caminharmos juntos na recuperação da indústria”, completou o ministro.
A assembleia, que estava inicialmente marcada para as 14 horas, começou por volta das 15h30. O encontro, a portas fechadas, acontece no 16º andar do prédio da Fiesp, na Avenida Paulista, em São Paulo, “e não tem hora para terminar”, segundo uma fonte ouvida pelo Metrópoles.
Apesar da oposição de pequenos sindicatos patronais, a reportagem apurou que Josué conseguiu ampliar seu arco de apoio nos últimos meses. Ao contrário dos sindicatos menores, entidades de grande porte do setor industrial são contrárias à destituição do presidente da Fiesp, por entenderem que a saída de Josué do comando neste momento aumentaria a crise interna, em vez de amenizá-la.
A eventual destituição de Josué também passaria uma imagem muito ruim da instituição, em um momento no qual a Fiesp inicia conversas com o novo governo sobre propostas para alavancar o desempenho da indústria brasileira – que vem “andando de lado” e não deslancha, como mostrou reportagem publicada pelo Metrópoles no início de janeiro.
Entenda a crise na Fiesp
A realização da assembleia se tornou uma batalha interna na Fiesp. A ideia inicial dos representantes de 86 dos 106 sindicatos com poder de voto na federação era a de convocar uma assembleia para o dia 12 de dezembro, mas não houve tempo hábil para viabilizar o encontro.
A crise política na Fiesp teve início em outubro do ano passado, quando membros de sindicatos (eram 78, na época) apresentaram um pedido de convocação de assembleia para tentar destituir Josué do cargo. Em reunião da diretoria no início de novembro, o presidente da Fiesp rechaçou a ofensiva, alegando que não havia elementos que justificassem a reunião.
O documento apresentado pelos sindicatos pedindo a assembleia enumerava 12 itens com justificativas para a convocação da assembleia. Entre os motivos apresentados, estavam contestações sobre nomeações de assessores de Josué, além de críticas pela divulgação da carta “em defesa da democracia” durante a campanha eleitoral.
As declarações de Josué durante a campanha eleitoral de 2022, simpáticas à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, desagradaram a Paulo Skaf, ex-presidente da entidade (de 2004 a 2021) e apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A decisão da Fiesp de divulgar uma carta “em defesa da democracia”, em agosto, foi considerada um erro por atrelar a instituição à candidatura do petista. O documento teve apoio de apenas 14% dos sindicatos industriais.
Caso Josué Gomes seja destituído do cargo, o estatuto da Fiesp determina que assuma o primeiro vice-presidente. Atualmente, esse posto é ocupado por Rafael Cervone, que também preside o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).
Nesse caso, caberá ao conselheiro mais antigo, Elias Miguel Haddad, convocar uma assembleia que definirá quem será o novo presidente da federação. Além de Cervone, Dan Ioschpe, 2º vice-presidente, e Marcelo Campos Ometto, o 3º, também estão na linha sucessória.