Ibovespa abre em queda com repercussão das declarações de Lula
Às 10h14, Ibovespa recuava 0,78%, aos 111.352,69 pontos; mercado repercute fala do presidente sobre autonomia do BC e meta de inflação
atualizado
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Principal índice da Bolsa de Valores brasileira, o Ibovespa abriu o pregão desta quinta-feira (19/1) em baixa, com o mercado repercutindo as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na véspera.
Em entrevista à GloboNews na quarta-feira (18/1), Lula classificou a autonomia do Banco Central (BC) como “bobagem” e disse que a atual meta de inflação atrapalha o crescimento econômico. Suas falas preocuparam o mercado financeiro, fizeram o dólar subir e já mexem com a Bolsa de Valores.
Às 10h14, o Ibovespa recuava 0,78%, aos 111.352,69 pontos.
Na véspera, o índice fechou em alta de 0,71%, aos 112.228 pontos.
“Neste país, brigou-se muito para ter um Banco Central independente, achando que ia melhorar o quê? Eu posso te dizer, com a minha experiência, que é uma bobagem achar que o presidente do Banco Central independente vai fazer mais do que fez o Banco Central quando o presidente (da República) era quem indicava”, afirmou Lula, na entrevista exibida na noite de quarta.
Em fevereiro de 2021, o presidente Jair Bolsonaro sancionou o projeto que deu autonomia ao BC e, assim, limitou a influência do Executivo sobre as decisões relacionadas à política monetária.
Pela regra vigente desde então, os mandatos do chefe do BC e do titular do Palácio do Planalto não são mais coincidentes. O presidente do banco assumirá sempre no primeiro dia útil do terceiro ano de cada governo. Assim, o titular do Executivo federal só poderá efetuar troca no comando do BC a partir do segundo ano de gestão. No caso de Lula, isso só acontecerá em 2024.
Sobre a meta de inflação, Lula disse: “Você estabelecer uma meta de inflação de 3,7%, quando você faz isso, você é obrigado a arrochar mais a economia para poder atingir aqueles 3,7%. (…) O que nós precisamos nesse instante é o seguinte: a economia brasileira precisa voltar a crescer”.
O centro da meta era de 3,5% no ano passado, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima (5%) ou para baixo (2%). Para 2023, segundo o Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação é de 3,25% – e será cumprida se ficar entre 1,75% e 4,75%.
Analistas ouvidos pelo Metrópoles nesta manhã afirmaram que o mercado recebeu mal a fala de Lula, mas minimizaram o impacto prático do que disse o presidente. Segundo economistas, o petista quis mandar um recado ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, deixando claro que o novo governo considera muito alta a taxa básica de juros da economia (Selic), hoje em 13,75% ao ano, o que não significa a autonomia do BC ou o regime de metas fiscais estejam ameaçados.