metropoles.com

Hora da vingança: como Abilio pode reaver o Pão de Açúcar do Casino

Ou será que outra empresa pode comprar a rede de supermercados criada pela família Diniz? Essa é a pergunta que não quer calar no mercado

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Reprodução/Flickr
O empresário Abílio Diniz sorri durante uma palestra
1 de 1 O empresário Abílio Diniz sorri durante uma palestra - Foto: Reprodução/Flickr

O grupo francês Casino deu novos – e firmes – passos na direção de pôr fim à sua participação em grandes negócios no Brasil. Nesta segunda (26/6), anunciou que negociará no mercado as ações que detém do Grupo Pão de Açúcar (GPA). Na sexta (23/6), já havia concluído a venda de 11,7% da participação que mantinha na rede de atacarejo Assaí.

Para analistas, as medidas em curso marcam o fim da atividade do grupo francês no país. E produzem conjecturas. Entre as mais palpitantes, está a possibilidade de o empresário Abilio Diniz, o grande gestor e filho do fundador do Pão de Açúcar, retomar o controle do GPA. Ele o perdeu há dez anos, numa das maiores disputas societárias do país, justamente para o francês Jean-Charles Naouri, o presidente e sócio majoritário do Casino.

E será que o ex-dono pode avançar novamente sobre o Pão de Açúcar? Pode, mas resta saber o quão oportuno seria o negócio. Na avaliação de Caroline Sanchez, analista de varejo da Levante Inside, quem vai comprar o GPA se tornou a nova pergunta que não quer calar no mercado. E, hoje, Abilio Diniz ainda está no ramo. Ele é sócio minoritário do arquirrival Carrefour.

Caroline observa que, nessa posição, a incorporação de um concorrente como o GPA parece algo natural, mas as coisas não são tão simples. “O Carrefour concluiu, em maio de 2022, a compra do Grupo Big, por R$ 7,5 bilhões”, diz. “Não faria sentido para a companhia fazer mais uma aquisição num espaço tão curto de tempo.”

Concorrentes

Para o Grupo Mateus, outro integrante do setor, a aquisição do GPA pode ser vantajosa. O Grupo Mateus vem alcançando resultados vistosos. O seu lucro, por exemplo, aumentou 20% no primeiro trimestre deste ano, alcançando a cifra de R$ 240 milhões. “Pode ser que a companhia tenha interesse nos ativos do GPA, algo que poderia acelerar sua expansão para fora do Nordeste e Norte, onde está concentrado”, afirma Caroline. “Ainda assim, vale destacar que, dado o momento ruim para aquisições no setor, também existe a possibilidade de o GPA se tornar uma empresa de capital pulverizado, bem como ser adquirido por redes como St. Marche e Oba.”

Outro analista, Lucas Lima, da VG Research, observa que o retorno de Diniz ao comando do GPA foi alvo de especulações recentes e, agora, a história retorna com força. “Houve um conflito de interesse muito grande entre o Casino e Abilio no passado e a saída do grupo francês pode abrir espaço para essa volta”, diz, observando, porém, que essa não é a única possibilidade em jogo: “Algum fundo também pode ser um potencial comprador nessa operação.”

Vendem-se ativos

Do lado do Casino, a empresa divulgou nesta segunda, na França, um plano de venda de ativos que classificou como “não essenciais”, cujo objetivo é “reforçar a liquidez” e garantir uma “estrutura de capital perene” ao grupo. Na lista de companhias negociáveis, foram incluídas empresas da América Latina, como a rede de supermercados colombiana Éxito e o GPA, do qual os franceses detêm 40,9% das ações.

O Casino espera levantar 200 milhões de euros (US$ 220 milhões) neste ano, com o Éxito, além de mais 1 bilhão de euros (US$ 1,1 bilhão) em 2024, com o GPA e a companhia de painéis solares Green Yellow, afora imóveis.

Dívida bilionária

E por que o Casino está se desfazendo de todas essas empresas, assim como já havia feito na semana passada com o Assaí? Quem responde é o consultor Ricardo Schweitzer: “O Casino já vem há algum tempo enfrentando dificuldades financeiras bastante severas, que são consequência do elevado endividamento, com volumes relevantes de vencimentos no curto prazo, e da piora de desempenho de algumas de suas operações, notadamente na França”.  O Casino tem uma dívida total estimada em 6,4 bilhões de euros (US$ 7 bilhões).

Além disso, observa Schweitzer, a percepção em torno da gestão, “que nunca foi grande coisa”, piorou recentemente. “Isso aconteceu depois que o CEO e acionista controlador da empresa, Jean-Charles Naouri, foi detido no início de junho, a pedido do Ministério Público francês, para prestar esclarecimentos num investigação de suposto insider trading.” O Casino, acrescente-se, tem uma dívida estimada em 6,4 bilhões de euros (US$ 7 bilhões).

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNegócios

Você quer ficar por dentro das notícias de negócios e receber notificações em tempo real?