Haddad vê momento “crítico” e defende “multilateralismo do século 21”
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que G20 talvez seja “o único fórum global com capacidade para promover o multilateralismo”
atualizado
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Em discurso durante a reunião dos ministros das Finanças e presidentes dos bancos centrais dos países que compõem o G20, nesta sexta-feira (13/10), em Marrakech (Marrocos), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Brasil defende o “multilateralismo do século 21” para resolver questões políticas e econômicas que afligem o mundo neste momento.
Segundo Haddad, a economia global vive “um momento crítico” e o G20 talvez seja “o único fórum global com capacidade para promover o multilateralismo”. Em 2024, o Brasil será o anfitrião da cúpula do G20, depois de ter assumido a presidência do grupo neste ano.
O G20 é o bloco formado pelas 19 maiores e mais importantes economias do mundo e a União Europeia.
“Em vez do triunfo da globalização e de uma ordem mundial liberal centrada no livre comércio, em instituições internacionais baseadas em regras e na promessa de prosperidade para todos, o que vemos hoje é uma crescente fragmentação geoeconômica e um multilateralismo ineficaz, para não falar de uma nova crise da dívida no Sul Global e uma catástrofe ambiental iminente”, afirmou Haddad.
“Precisamos urgentemente melhorar as nossas instituições financeiras internacionais, fazer com que os mais ricos paguem sua justa cota de impostos, tratar do problema da dívida em um número crescente de países da África, Ásia e América Latina, e, de maneira eficiente, mobilizar recursos públicos e privados para uma economia global mais verde e sustentável”, prosseguiu o ministro da Fazenda em seu discurso.
“O G-20 é talvez o único fórum global com capacidade para promover o multilateralismo do século 21 que o Brasil e muitos outros países estão propondo. Isso não se deve apenas à grande parcela do PIB e da população mundial que os países do G20 representam. Mais importante, o G-20 reúne países muito diferentes, do Norte Global e do Sul Global, do Ocidente e do Oriente. Isso é fundamental porque as soluções globais de que necessitamos só emergirão a partir de um diálogo ampliado, envolvendo distintas vozes.”
Em seu discurso, Haddad afirma que é necessário que a comunidade internacional recupere a confiança “em soluções multilaterais” e aprenda “a ver o mundo pela perspectiva do outro”.
“O Brasil tem tradição de facilitar o diálogo e o consenso entre diferentes grupos de países. Teremos grande prazer em trabalhar mais uma vez para ajudar a construir o consenso tão necessário sobre as questões contemporâneas prementes”, concluiu Haddad.
“Casa em ordem”
Fernando Haddad afirmou, ainda, que o Brasil colocou a “casa em ordem” neste primeiro ano de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com o avanço da agenda econômica no Congresso.
“Em 2023, colocamos a nossa casa em ordem depois de alguns anos turbulentos. Estabelecemos um novo arcabouço fiscal, estamos fazendo uma grande reforma tributária, avançamos em reformas estruturais, reduzimos o desmatamento, renovamos e expandimos programas sociais reconhecidos internacionalmente, como o Bolsa Família, e acabamos de lançar um ambicioso plano de transformação ecológica”, disse Haddad.
“Agora, o Brasil está pronto para se voltar aos desafios globais e promover um diálogo construtivo e produtivo em direção ao multilateralismo do século 21.”
O ministro da Fazenda está no Marrocos para participar da reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial. Segundo o Ministério da Fazenda, a viagem do ministro se estenderá até sábado (14/10).
A reunião anual do FMI conta com a participação de ministros da Economia e presidentes de bancos centrais de 189 países.