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Uma reunião fechada do ministro Fernando Haddad, com representantes do setor financeiro, entre os quais o CEO do banco Santander no Brasil, Mário Leão, nesta sexta-feira (7/6), em São Paulo, agitou o mercado e revoltou o titular do Ministério da Fazenda.
Enquanto Haddad concedia entrevista a jornalistas na sede da Fazenda na capital paulista sobre a polêmica medida provisória criada pelo governo para compensar a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia e de municípios com até 156 mil habitantes, participantes da reunião fechada conversaram com a imprensa e as informações publicadas fizeram o dólar ampliar a alta e a Bolsa de Valores (B3) cair mais.
O dólar fechou o dia em forte alta, a R$ 5,32, maior patamar desde janeiro de 2023, enquanto o Ibovespa, o principal índice da B3, despencou, encerrando o dia em queda de 1,73%, aos 120.767 pontos. Parte da agitação do mercado foi provocada pela informação de que o governo Lula poderia promover alterações no arcabouço fiscal, o que foi desmentido por Haddad.
Ao saber do vazamento das informações, o ministro da Fazenda aproveitou que alguns jornalistas permaneciam no prédio do ministério em São Paulo e concedeu outra coletiva para desmentir o que fora publicado, chamando a atitude de “irresponsável”.
“Houve uma reunião com pessoas do Santander e teve um protocolo que foi quebrado. A condição da reunião era que as pessoas não interpretassem o que eu falei, que basta me perguntar que eu falo publicamente o que eu disse privadamente”, iniciou Haddad, visivelmente consternado com a situação.
“A pergunta que me foi feita era se havia a possibilidade de contingenciamento este ano se algumas despesas obrigatórias crescessem para além do previsto. E eu falei que sim, o que é absolutamente normal e aderente ao que prevê o arcabouço fiscal”, relatou Haddad.
O ministro continuou: “Eu não entendi a intenção da pessoa que vazou uma informação falsa a respeito do que eu disse. Fui perguntado se porventura tivesse algum crescimento de uma despesa obrigatória, se poderia ensejar algum tipo de contingenciamento. E a resposta é: sim, isso pode pressionar as outras despesas e obrigar o governo a contingenciar”.
De acordo com ele, a interpretação “vazada” à imprensa é “exatamente o contrário do que eu disse”.