Haddad vai errar se discutir nova meta para inflação, diz economista
Márcio Holland, professor da FGV, defende que o ministro da Fazenda não coloque o tema em pauta na reunião do CMN, na quinta (16/2)
atualizado
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O economista e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo, Márcio Holland, defende que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não tente mudar a meta da inflação na próxima reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), prevista para ocorrer nesta quinta-feira (16/2). “A alteração não terá nenhum efeito no curto prazo, exceto o aumento dos ruídos e da incerteza sobre a política econômica”, diz Holland.
O tema foi destaque na entrevista concedida pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, na noite de quarta-feira (13/1) ao programa Roda Viva, da TV Cultura. Na ocasião, Campos Neto posicionou-se contra a alteração da meta.
Para Holland, a discussão do tema ocorre em duas esferas distintas. A primeira, que é política, pode ser considerada natural. Colocada em prática, contudo, “representa um sério risco”. “Há um embate de caráter político entre, de um lado, o presidente do BC, com afinidades pessoais com a equipe econômica anterior, e o presidente Lula, com a pressa típica de um político para jogar as taxas de juros para baixo”, afirma. “Mas essa disputa em nada ajuda o Brasil no processo de controle inflacionário.”
Presidente do BC “acuado”
Holland observa que, na entrevista ao Roda Viva, notou “um presidente do Banco Central acuado”. Mas achou compreensível sua tentativa de eliminar o caráter personalista das decisões do órgão. “O trabalho do Copom (Comitê de Política Monetária, que define os juros básicos do país, a Selic) é coletivo, afinal, trata-se de um comitê, justamente para isolar posições individuais”, diz. “Nesses termos, as decisões do Copom são todas legítimas e devidamente calibradas às pressões e expectativas inflacionárias.”