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Haddad se reúne com Campos Neto em São Paulo

Encontro acontece no gabinete do Ministério da Fazenda na capital paulista; presidente do BC sofre pressão por taxa Selic e meta de inflação

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Ministro da Fazenda do governo Lula, Fernando Haddad - Metrópoles
1 de 1 Ministro da Fazenda do governo Lula, Fernando Haddad - Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está reunido na manhã desta segunda-feira (30/1) com o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. O encontro, confirmado pelo Ministério da Fazenda, acontece no gabinete da pasta na capital paulista.

Além de Haddad, também participa da reunião o secretário-executivo e número 2 do ministério, Gabriel Galípolo. De acordo com a pasta, são discutidos no encontro “assuntos institucionais”.

Nas últimas semanas, tanto Haddad quanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deram declarações que foram interpretadas como recados a Campos Neto em relação a temas como a meta de inflação e a política de juros do BC.

Na semana passada, em entrevista ao Valor Econômico, o ministro da Fazenda foi questionado se o BC deveria repensar a trajetória da taxa básica de juros da economia, a Selic, atualmente em 13,75% ao ano – patamar considerado muito alto pelo governo.

“É muito difícil eu dizer o que o BC tem de fazer. O que tenho que fazer por dever é, primeiro, constatar os fatos. Herdamos problema fiscal criado pelo governo anterior para reverter quadro eleitoral desfavorável. Quando falo isso, não faço crítica ou elogio, estou constatando que a taxa de juros foi de 2% para 13,75%”, comentou Haddad.

“O que me cabe é tomar medidas para resolver o problema fiscal herdado e concorrer para harmonização da política fiscal com a política monetária, que se divorciaram de dois anos para cá. O fiscal foi para um lado, monetário para o outro e a conta chegou”, completou o ministro.

A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para controlar a inflação. A Selic é utilizada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia.

Quando o Copom aumenta os juros, o objetivo é segurar a demanda aquecida, o que se reflete nos preços — os juros mais altos encarecem o crédito e, assim, ajudam a conter a atividade econômica, com menos dinheiro em circulação.

Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, em dezembro do ano passado, a Selic permaneceu em 13,75% ao ano – foi a terceira reunião consecutiva em que a taxa não foi alterada. Os juros básicos seguem no maior nível desde janeiro de 2017, quando também estavam em 13,75% ao ano. A próxima reunião do Copom acontece nesta semana, na terça-feira (31/1) e na quarta-feira (1º/2).

Em relação à meta de inflação, Haddad defendeu que ela seja exigente, mas factível. “Uma meta de inflação tem que ser demandante, exigente. Senão, qual o sentido de uma meta? Ela tem que ser exigente. E factível, alcançável. Se é uma meta muito exigente e não alcançável, não é uma meta boa. Se ela é uma meta não exigente, não cumpre a função que é controlar a inflação”, afirmou.

“Temos que verificar como os agentes estão percebendo essa convergência antes de tomar qualquer decisão. Pode ser que a gente verifique que esteja havendo uma convergência salutar para a economia brasileira. Temos que dar tempo para, no momento adequado, o calendário estabelecido, nós definirmos a meta dos próximos anos”, disse o ministro.

Segundo o Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação para este ano é de 3,25%. Como há um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ela será cumprida se ficar entre 1,75% e 4,75%.

Além do encontro desta segunda, Haddad e Campos Neto voltarão a se reunir no dia 16 de fevereiro, quando está programada a primeira reunião do CMN sob o governo Lula. Inicialmente, ela estava prevista para o dia 26 de janeiro, mas foi adiada.

No governo Lula, o CMN voltará a ser composto pelos ministros da Fazenda e do Planejamento, Simone Tebet, além do presidente do BC. Nos últimos quatro anos, durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro, o CMN era composto apenas pelo então ministro da Economia, Paulo Guedes, e por um secretário da pasta – além de Campos Neto.

Cabe ao CMN, entre outras atribuições, decidir por uma eventual redução da meta de inflação. O assunto, entretanto, só deverá ser debatido pelo conselho em junho.

Em 2022, o Brasil teve inflação acumulada de 5,79%, acima do teto da meta estipulada pelo governo federal pelo segundo ano consecutivo.

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