Há espaço para corte “razoável” nos juros em agosto, diz Haddad
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que caminho para corte nos juros está pavimentado e que pergunta atual é “quanto” cairá a Selic
atualizado
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira (28/7) que o caminho para queda de juros está “pavimentado” e que a principal dúvida é “o quanto” cairá a taxa Selic.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nos próximos dias 1 e 2 de agosto para definir a Selic, hoje em 13,75%.
“Penso que o começo de ciclo está definido e que há espaço para um início de corte razoável”, disse Haddad, que afirmou que, em sua visão, o espaço para corte de juros é “real” e pode inaugurar um “ciclo de crescimento sustentável para o Brasil”.
A maior parte do mercado aposta em um corte de 0,25 ponto percentual (p.p.) na Selic, mas o governo defende uma redução maior. Algumas casas passaram a falar em possibilidade de corte de 0,50 p.p.
“Estamos muito distantes do que o BC chama de juro neutro, inferior a 5%. Estamos com o dobro. Tem um espaço generoso para aproveitar. Mas quem vai definir é o Banco Central”, afirmou Haddad, que esteve no prédio do Ministério da Fazenda em São Paulo nesta sexta-feira.
Ao falar sobre a melhora na nota de crédito do Brasil anunciada nesta manhã pela agência DBRS, Haddad afirmou que o mundo está vendo o país “com outros olhos”, mas cutucou o BC ao afirmar que falta “alinhamento” entre política fiscal e monetária.
O ministro disse ainda que não se pode deixar “iludir” pelos dados da taxa de desemprego divulgada nesta sexta-feira, que atingiu menor patamar desde 2014.
“A economia está sofrendo um processo de desaceleração por conta do juro real na casa de 10%”, disse. “Os ventos estão favoráveis, o mundo está olhando para o Brasil com outros olhos, com outra percepção. Está mais do que na hora de nós alinharmos a política fiscal e monetária.”
Novos diretores no Copom
O ministro falou também sobre a chegada de novos diretores do BC, os primeiros indicados pelo governo Lula.
Após aprovação em sabatina no Senado, tomaram posse no último dia 12 de julho os diretores Ailton de Aquino e Gabriel Galípolo. Até junho, Galípolo foi secretário-executivo no Ministério da Fazenda, atuando como o “número 2” do ministro Fernando Haddad.
“Temos agora dois novos diretores, que estão levando informações, percepções, podem auxiliar o colegiado a se manifestar. Nossa proposta é sempre cooperativa”, disse Haddad.