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Venda agressiva e Gusttavo Lima na propaganda: o que é a Gav Resorts

Empresa acusada de abordagem predatória promete mundos e fundos em retorno com cota de resorts e tem Gusttavo Lima como garoto propaganda

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CANTOR SERTANEJO GUSTTAVO LIMA É O GAROTO PROPAGANDA DA GAV RESORTS - METRÓPOLES
1 de 1 CANTOR SERTANEJO GUSTTAVO LIMA É O GAROTO PROPAGANDA DA GAV RESORTS - METRÓPOLES - Foto: Reprodução

Com vendedores gravados fazendo promessas “estratosféricas” de investimentos e turistas reclamando de abordagens predatórias, a Gav Resorts tem erguido 15 empreendimentos em todo o país e usa como seu garoto propaganda o famoso cantor sertanejo Gusttavo Lima.

A empresa foi fundada em 2014 pelo empresário tocantinense Manoel Vicente Pereira Neto. Nas redes sociais, ele gosta de expor seus tentos. Em uma das últimas aparições, comemorou os R$ 3 bilhões em vendas em 2023. Os números são altos: em uma reportagem da revista Forbes, anunciou que esse número deve chegar ao dobro do valor até 2025.

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Gav Resorts espera vender até R$ 6 bilhões até 2025
Investigação privada monitorou até vendedor abordando turistas, a começar por filhos pequenos, para atrair atenção nas ruas
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Cantor sertanejo Gusttavo Lima é o garoto-propaganda da Gav Resorts

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Gav Resorts espera vender até R$ 6 bilhões até 2025

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Investigação privada monitorou até vendedor abordando turistas, a começar por filhos pequenos, para atrair atenção nas ruas

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Apesar das redes sociais abertas, o empresário é discreto. Quem lhe jogou mais luz nos últimos tempos foi sua filha de 19 anos, que é tiktoker e viralizou nas redes quando expôs suas férias de luxo com direito a uso de jatinho para viajar.

A empresa usa e abusa da imagem de seu garoto propaganda. Nos stands de venda, sempre há um painel com sua foto de corpo inteiro, como se ele estivesse à porta. Em uma das propagandas, Gusttavo Lima diz: “Chegou a hora de investir no meu paraíso, né? Principalmente agora que a Gav chegou em Porto de Galinhas”.

Assim como outras empresas do mesmo ramo, a Gav põe vendedores para abordar turistas nas ruas de praias do nordeste e cidades turísticas ao sul do país. Há lugares nos quais turistas recorrem a pulseirinhas pretas para demonstrarem que não querem ser abordados, tamanho é o assédio dos vendedores.

Como mostrou o Metrópoles neste domingo (23/6), a empresa enfrenta processos judiciais nos quais clientes se dizem ludibriados pela promessa de grandes retornos e pela falta de transparência ao vender cotas dos hotéis. A principal insatisfação é que, depois de arrependidos, eles ainda precisam pagar uma multa para desistir do negócio. O Código de Defesa do Consumidor determina que contratos firmados na rua possam ser rescindidos com devolução dos valores em até sete dias.

A Justiça tem acolhido boa parte dos pedidos para rescindir os contratos. Aos órgãos de defesa do consumidor, o tom da reclamação é mais alto. Pessoas que passaram pelos stands de venda se disseram até mesmo humilhadas por recusar a oferta da Gav. Na esfera do trabalho, ex-funcionários relatam uma rotina de assédio que envolve “corredor polonês”, pressão psicológica e até xingamentos para empurrar as cotas dos hotéis aos clientes.

Vídeos obtidos pelo Metrópoles revelam que vendedores da Gav têm prometido a potenciais compradores retornos altos e falam até em pacote de investimentos. Essa prática pode esbarrar em restrições da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que não permitem que investimentos coletivos em imóveis possam ser vendidos dessa forma sem que a empresa tenha registro no órgão.

Na prática, o que a Gav vende é muito lucrativo, sobretudo, para a própria empresa. Aos turistas, é oferecida uma fração de 26 avos de um apartamento em construção em um de seus resorts. O valor varia dos R$ 50 mil aos R$ 90 mil para cada cota. Em uma conta de padaria, se todas fossem vendidas por R$ 60 mil, com apenas um apartamento de pouco mais de 30 metros quadrados dentro de um hotel, a empresa faturaria R$ 1,56 milhão.

Ao comprador, a oferta é a seguinte: por uma cota do imóvel, ganha-se o direito de desfrutar o quarto de hotel 14 dias por ano, com datas controladas pela empresa. Também é mencionada a possibilidade de locação desse espaço pelo período ao qual se tem direito. Se as datas para uso do quarto forem ruins, ainda daria para tentar a permuta com outros donos de cotas de diferentes hotéis pelo país para aproveitar seus períodos em outras cidades.

O que diz a Gav

Procurado pelo Metrópoles, o Grupo Gav afirmou, por meio de nota, que “desconhece o teor dos elementos mencionados” pela reportagem e que, “em linhas gerais, esclarece dedicar-se à incorporação imobiliária nos termos da Lei 4.591/64, e venda dos imóveis respectivos em regime de multipropriedade, instituído pela Lei 13.777/18”. A empresa afirma que “não exerce atividade inerente a valores mobiliários”.

“Não vende cotas como investimento mobiliário, tampouco com rendimento fixo. Os empreendimentos são destinados à segunda moradia, férias, lazer familiar, e não têm como premissa especulação imobiliária. A intermediação de venda é realizada por profissionais liberais corretores imobiliários, não empregados, que
não estão autorizados a ofertar ou garantir qualquer característica mobiliária ao negócio”, afirma a empresa.

Segundo a empresa, “eventuais desvios de conduta, não são de conhecimento da direção, que irá promover apurações pertinentes e tomar as medidas cabíveis”. “O Grupo Gav não incorre em práticas abusivas em relação aos seus clientes e responde a todas menções no Reclame Aqui e resolve consensualmente à quase totalidade das reclamações e questionamentos que recebe, tendo um percentual muito reduzido de judicialização em relação à comercialização”, disse.

O Grupo GAV afirma ainda que “as pessoas envolvidas no processo são seu maior ativo” e que “não admite qualquer forma de assedio moral”. Ela diz manter “canais de comunicação de condutas inapropriadas, averiguação e providências necessárias” e que “há um índice ínfimo de demandas judiciais com tal contexto, em face do
contingente de colaboradores e prestadores de serviço na atividade”.

Em processos judiciais, a empresa tem defendido que as cláusulas de seus contratos não são abusivas e que dá ciência a todos os compradores em potencial de seus detalhes. Tem defendido a legitimidade da assinatura dos contratos e afirmado que não há provas de abordagem predatória. Nas ações na Justiça do Trabalho, a empresa rechaça que haja assédio moral e afirma que, em parte, ex-funcionários inventaram situações e até mesmo anexaram mensagens “montadas” aos autos.

No Reclame Aqui, a empresa tem pedido desculpas a consumidores que se sentiram vítimas de abordagens predatórias e se compromete a fazer “mudanças”. “Estamos revisando internamente os procedimentos adotados em nosso processo de apresentação e vendas para garantir que situações como essa não voltem a ocorrer. Faremos os ajustes necessários para garantir que todas as interações com nossos clientes sejam baseadas na honestidade, integridade e respeito mútuo”, disse a empresa, em uma das respostas.

O Metrópoles também procurou, por e-mail, a assessoria de imprensa do cantor Gusttavo Lima, mas não obteve resposta. O espaço segue aberto para manifestação.

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