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“Guerra de assembleias”: disputa na Fiesp pode ser judicializada

Convidado por Lula para ministério, Josué Gomes convocou reunião na Fiesp em janeiro; opositores querem afastá-lo do cargo ainda neste ano

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Imagem colorida da fachada do prédio da Fiesp com logotipo das entidades- Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida da fachada do prédio da Fiesp com logotipo das entidades- Metrópoles - Foto: Reprodução

Em meio à crise política que movimenta os bastidores da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a permanência do empresário Josué Gomes da Silva na presidência da entidade pode ser judicializada.

Como o Metrópoles noticiou mais cedo, Josué publicou nesta quinta-feira (15/12) um edital no qual marca para o dia 16 de janeiro a assembleia extraordinária pedida por sindicatos patronais que fazem oposição ao atual comandante da federação.

O documento contraria o desejo dos opositores, que haviam convocado a assembleia para o dia 21 de dezembro.

O primeiro item da pauta do encontro convocado por Josué prevê “esclarecimentos, pelo diretor presidente, acerca dos pontos detalhados na correspondência recebida em 18 de novembro”. Também estão previstas discussões sobre o “exercício do amplo direito de defesa” do atual presidente.

As duas assembleias podem ocorrer, tanto a marcada pelos sindicatos insurgentes quanto a definida pelo presidente da Fiesp. É provável que caiba à Justiça resolver qual delas será validada.

A origem da oposição interna é a forma como Josué tem atendido os associados. O ex-presidente da Fiesp Paulo Skaf comandou a instituição por 17 anos, entre 2004 e 2021, dando protagonismo aos sindicados menores. Atendia a todos nos mais diversos pedidos.

Josué tem outro perfil, além de menos tempo para se dedicar à entidade. Note-se que a presidência da instituição é um cargo voluntário, sem remuneração, portanto.

Também desagradaram Skaf e os sindicatos a aproximação entre Josué e o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O pai do atual presidente da Fiesp, José Alencar (1931-2011), foi vice-presidente da República nos dois mandatos de Lula, de 2003 a 2010.

A decisão da Fiesp de divulgar uma carta “em defesa da democracia”, em agosto, foi considerada a “gota d’água” pelos opositores, por atrelar a instituição à candidatura do petista. Tanto que o documento teve apoio de apenas 14% dos sindicatos industriais.

Na quarta-feira (14/12), o empresário se reuniu com Lula, em Brasília, e foi convidado para assumir o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Ele pediu um tempo para pensar.

O xadrez político da Fiesp

O atual presidente da Fiesp leu a convocação da assembleia dos industriais, marcada para o dia 21, e considerou que havia contradições e equívocos em relação ao estatuto da entidade. Por isso, elaborou um novo documento, com a convocação para o dia 16 de janeiro.

Assim, a convocação feita nesta quinta não tem nada a ver com a ida ou não de Josué para o ministério. Ele pode até pedir licença do cargo para assumir o posto no futuro governo, como Skaf fez nas vezes em que concorreu ao governo do estado de São Paulo.

Se isso acontecer, Josué poderá indicar como sucessor temporário qualquer um dos três vice-presidentes da Fiesp: Rafael Cervone, o primeiro da lista; Dan Ioschpe, 2º vice-presidente; e Marcelo Campos Ometto, o 3º.

Se Josué for afastado, assume o conselheiro mais antigo, Elias Miguel Haddad. Ele terá de convocar uma assembleia que definirá qual dos três vices será o novo presidente da federação.

Há outros dois nomes importantes no jogo político da Fiesp: Synésio Batista, presidente do Sindicato das Indústrias de Brinquedos do Estado de São Paulo (Sindibrinquedos), e José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast).

Os dois últimos são adversários de Skaf e, apesar de não terem apoiado a eleição de Josué, torcem pela permanência do empresário à frente da entidade – justamente para que Skaf não se fortaleça internamente.

Neste momento, Roriz e Synésio, inimigos tanto de Skaf quanto de Josué, estão nadando de braçada, em um marketing conciliador, e se aproximando dos industriais insatisfeitos com tanta “roupa suja sendo lavada em público”, como sita um empresário ligado ao setor, pela entidade patronal mais importante do Brasil.

Decisão sobre o ministério

A eventual ida de Josué Gomes para o ministério de Lula está sendo considerada uma espécie de “saída honrosa” do  comando da Fiesp, em meio à turbulência política. O presidente eleito, assim, resgataria o amigo do vexame do impeachment.

Até receber o convite formal de Lula, Josué dizia a interlocutores e familiares que não pretendia assumir um cargo no governo federal e desejava permanecer à frente da Fiesp. Após a conversa com o petista, passou a se entusiasmar com a hipótese de assumir a pasta.

Na verdade, o empresário tenta ganhar tempo para apaziguar os ânimos da Fiesp e garantir uma sucessão minimamente civilizada na entidade. A Josué não interessa ter um inimigo à frente da Fiesp. Assim como, para o grupo de Skaf, também não seria produtivo comprar briga com o eventual futuro ministro da Indústria logo no início do próximo governo.

Josué foi eleito presidente da Fiesp em julho do ano passado e assumiu o cargo em janeiro de 2022. Seu mandato à frente da entidade termina em 31 de dezembro de 2025.

Procurada pela reportagem do Metrópoles na tarde desta quinta, a Fiesp informou que não se manifestaria sobre a crise interna. Até o momento, Josué também não fez comentários.

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