Governo estima crescimento de 0,3% no 2º tri e queda no agro
Após começo do ano puxado por colheita no agro, Fazenda prevê desacelaração do PIB no 2º trimestre. Projeção para 2023 é alta de 2,5%
atualizado
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A Secretaria de Política Econômica (SPE), do Ministério da Fazenda, prevê desaceleração da economia brasileira no segundo trimestre, após o crescimento acima do esperado visto no começo deste ano. As estimativas foram divulgadas nesta quarta-feira (19/7), em nova edição do Boletim Macrofiscal.
A SPE anunciou que sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) está em 0,3% para o segundo trimestre, entre abril e junho, frente ao período anterior. No primeiro trimestre, a alta havia sido de 1,9%.
O principal fator é a retração esperada para a agropecuária, disse a subsecretária de Política Macroeconômica, Raquel Nadal. Há ainda impacto de menor crescimento dos serviços no período.
No segundo trimestre, a SPE projeta queda de 2,9% na agropecuária frente ao trimestre anterior (quando cresceu 21,6%). Nos outros setores, a alta esperada é de 0,4% em serviços (frente a 0,6% no primeiro trimestre) e de 0,3% na indústria.
As prévias da atividade econômica em maio e abril já mostraram quedas bruscas. Nesta semana, o Banco Central divulgou que o principal indicador de atividade econômica, o IBC-Br (chamado de “prévia do PIB”), recuou 2% em maio.
Revisão do PIB no ano
Apesar da desaceleração esperada no trimestre, a SPE revisou de 1,9% para 2,5% sua projeção de crescimento do PIB no ano. No relatório, os técnicos da Fazenda afirmam que a revisão para 2023 foi motivada pelo crescimento acima do esperado no primeiro trimestre.
A alta na previsão foi puxada pela agropecuária, cuja projeção de crescimento calculada pelo governo para o ano saiu de 11% para 13,2%. A previsão para o crescimento da indústria subiu de 0,5% para 0,8% e nos serviços, de 1,3% para 1,7%.
“Mais de 40% do crescimento esperado para o ano se deve à dinâmica do setor agropecuário. Para os demais setores produtivos, o cenário projetado segue considerando desaceleração frente ao ano anterior, ainda em repercussão à política monetária contracionista e ao menor ritmo de crescimento global”, escreveram os técnicos da SPE.
Para 2024, a previsão de crescimento do PIB da SPE se manteve em 2,3%. Com menor crescimento esperado para o agro em 2024, os técnicos da Fazenda avaliam que o crescimento “será mais homogêneo entre setores” e “baseado na recuperação da absorção doméstica”, segundo o relatório.
Já a previsão do governo para a inflação oficial medida pelo IPCA caiu de 5,58% para 4,85% em 2023. Se confirmada, a estimativa colocaria a inflação brasileira perto do teto da meta, de 4,75%.
“Há um aumento expressivo, eu diria, das chances de o IPCA terminar este ano dentro do limite superior da meta de inflação. Essa perspectiva não estava no horizonte alguns meses atrás”, disse o secretário de Política Econômica, Guilherme Mello.