Governo dos EUA não vai socorrer banco que faliu, diz chefe do Tesouro
Segundo Janet Yellen, secretário do Tesouro americano, o banco SVB, que decretou falência na semana passada, não será socorrido pelo governo
atualizado
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O problema financeiro que se desenha nos Estados Unidos, com a falência do Silicon Valley Bank (SVB), o 16º maior banco do país, não será igual à crise de 2008, disse Janet Yellen, secretária do Tesouro americano.
Em entrevista a um canal de TV, a chefe do Tesouro disse que o governo não tem intenção de fornecer qualquer tipo de ajuda ou resgate ao SVB. O banco, avaliado em US$ 40 bilhões (cerca de R$ 220 bilhões), foi obrigado a declarar concordata após uma onda de resgates de depósitos que minaram o caixa da instituição financeira.
Yellen disse que, ao contrário do que aconteceu em 2008, não será necessário uma intervenção do Estado, mas que o governo trabalha para conter o problema e ajudar os clientes do SVB potencialmente afetados.
“Após a crise financeira de 2008, controles foram estabelecidos (aos bancos) para melhor supervisão de capital e liquidez. (Esses controles) foram testados durante a pandemia e provaram sua eficiência. Então, os americanos podem ter confiança na segurança e solidez de nosso sistema bancário”, disse a chefe do Tesouro.
Entenda o caso do SVB
Oficialmente, o SVB foi a maior instituição financeira dos Estados Unidos a entrar em falência desde o caso do Lehman Brothers, de 2008. Na ocasião, a derrocada do banco criou uma crise no setor de hipotecas americano.
O SVB passava por apuros desde o ano passado, uma vez que o cenário de aumento de juros é desfavorável para as empresas de tecnologia, principais clientes do banco. Negócios de startups e empresas de alto crescimento demandam muito capital e, por isso, taxas mais elevadas encarecem o custo de captação e rolagem de dívidas.
Nesse quadro, as empresas precisam gerar mais recursos para pagar os custos financeiros ou reduzir as dívidas. Contudo, a maior parte das startups não atingiu o breakeaven (quando receitas são maiores do que despesas), o que agrava a situação financeira e aumenta o risco de inadimplência.
Para piorar, nos Estados Unidos os títulos de crédito bancário e de dívida pública são prefixados (ou seja, a taxa de retorno é definida de acordo com os juros no momento do investimento). Quando a taxa básica de juros sobe, muitos investidores decidem resgatar as aplicações de forma antecipada e reaplicar o dinheiro com as taxas atuais, que estão maiores.
“Investidores (de bancos) parecem estar preocupados que os clientes possam sacar os depósitos para aproveitar as taxas maiores de títulos de curta duração”, observou o banco UBS, em um relatório divulgado na semana passada.
Diante disso, a carteira do SVB começou a se deteriorar. Analistas do setor financeiro começaram a produzir alertas sobre essa situação e os clientes correram para sacar recursos depositados, temendo uma insolvência do banco. A corrida pelos saques reduziu o caixa e empurrou o SVB de vez para a falência.