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Freio na queda da Selic: “Incertezas aumentaram”, diz Campos Neto

Entre essas dúvidas, o presidente do Banco Central citou o impasse sobre a queda de juros nos EUA e a inflação de serviços no Brasil

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Imagem do rosto de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. Ele fala ao microfone do Senado e usa óculos - Metrópoles
1 de 1 Imagem do rosto de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. Ele fala ao microfone do Senado e usa óculos - Metrópoles - Foto: Pedro França/Agência Senado

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (28/3) que o aumento de incertezas – tanto no cenário doméstico quanto no internacional – resultou na mudança do tom do BC sobre o ritmo da queda da taxa básica de juros, a Selic

Essa alteração foi sinalizada no comunicado e na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorreu nos dias 19 e 20 de março. Nos textos, o Copom, que é formado pela diretoria do BC e define o tamanho da Selic, deixou de usar o plural ao se referir a cortes nos “próximos” encontros do órgão. 

Com isso, passou a usar o singular, mencionando apenas mais uma possível redução de 0,5 ponto percentual dos juros, em 8 maio. Assim, a redução do ritmo de queda da Selic pode começar em 19 de junho, data de outra reunião do Copom. 

“Quando tem mais incertezas, você diminui o guidance [a orientação dada ao mercado pelo BC por meio dos comunicados e atas]”, disse Campos Neto. “Não tenho como dizer o que vai acontecer em junho, vai depender dos dados que vão sair, mas a gente tentou pontuar o que está olhando, para o mercado entender quais são os tipos de riscos que o Banco Central considera relevantes.”

Juros lá, inflação cá

Sobre as dúvidas que pairam entre os integrantes do Copom, Campos Neto citou seguidas vezes dois temas ao longo da entrevista. Foram eles o impasse relacionado à queda de juros nos Estados Unidos e, no Brasil, a inflação no setor de serviços e a influência exercida nesses preços pelos ganhos de renda dos trabalhadores (o segmento usa mão de obra de forma especialmente intensa).

O presidente do BC ressaltou que existem benefícios e custos com a mudança de orientação – ou guidance, como dizem os técnicos do órgão. “O benefício acontece se eu tenho muita certeza sobre o que vai acontecer num período que é relativamente longo”, afirmou. “E, com esse guidance, o caminho tenha menor volatilidade” O custo, observou, ocorre quando BC erra a mão e tem de mudar a comunicação no meio do trajeto. 

Campos Neto afirmou seguidas vezes que o cenário-base traçado pelo BC não mudou, as incertezas em torno dele, quando se olha mais adiante, é que aumentaram. Ele ressaltou que o BC “retirou o forward guidance (a orientação futura) porque não tem uma visibilidade tão clara”. “É óbvio que se entende que fica um pouco dependente do que vai acontecer até lá”, disse.

Divergências no BC

Campos Neto também foi questionado sobre um eventual desentendimento entre os integrantes do Copom, promovendo uma divisão no órgão, sobre o ritmo de corte de juros, uma vez que a ata da última reunião menciona que “alguns membros argumentaram que se a incerteza prospectiva permanecer elevada no futuro, um ritmo mais lento de distensão monetária pode revelar-se apropriado”. 

“O Copom não está dividido, a decisão [sobre o corte da taxa] foi unânime”, disse o presidente do BC. “O que a gente tem tentado fazer é aumentar a transparência [da ata] e abrir mais o que tem sido debatido”, acrescentou, ao explicar o trecho do documento. No último encontro do BC, a Selic foi cortada em 0,5 ponto percentual, passando de 11,25% para 10,75%.

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