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Fraude na Americanas começou pequena e virou “bola de neve”, diz PF

Delatora diz que, alertados sobre o problema, membros da diretoria da Americanas falavam que dariam um jeito de resolvê-lo

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Igo Estrela/Metrópoles
Imagem de homem passando em frente a uma loja da Americanas - Metrópoles
1 de 1 Imagem de homem passando em frente a uma loja da Americanas - Metrópoles - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

As investigações da Polícia Federal (PF) indicam que a fraude na Americanas, cujo valor final alcança cerca de R$ 25,2 bilhões, começou há mais de uma década e, a seguir, virou uma “bola de neve”. A estimativa foi feita com base na colaboração premiada de dois ex-executivos do grupo: Marcelo Nunes, ex-diretor financeiro, e Flávia Carneiro, ex-superintendente de Controladoria da B2W e, posteriormente, também da varejista. 

O relatório da PF sobre o caso diz que, “conforme informado pelos colaboradores, não se sabe ao certo quando teve início a fraude contábil, mas certamente ocorre há mais de uma década”. Flávia Carneiro informou que, quando entrou na empresa, em 2007, identificou as fraudes, “em que pese ocorressem em montante bem inferior ao que havia nos últimos anos”. 

A ex-executiva disse que, quando chegou à B2W (empresa do Grupo Americanas, resultado da fusão da Americanas.com e do Submarino.com), “realizou uma prática comum a todo contador”. Ela consistiu em, “ao entrar numa nova empresas, fazer uma checagem no sistema para verificar se os números” estavam corretos. “Já nesse momento a colaboradora identificou inconsistências, e gerou uma planilha apontando essas irregularidades”, diz a PF.

Ela observou que, nessa época, havia três pessoas terceirizadas na contabilidade e, por isso, achou que havia “negligência”. Isso porque “antes da fusão [da Americanas] com o Submarino, em dezembro de 2006, a Americanas.com era uma empresa de capital fechado.”

“Doses homeopáticas”

Flávia afirmou que conversou com o Carlos Padilha, ex-diretor financeiro da empresa, sobre essas situações. “Ele pediu para resolver esse problema ‘em doses homeopáticas’, já que a empresa iria abrir capital, e não poderiam dar um baque no resultado logo nesse momento”, cita o documento da Polícia Federal. 

Naquela época, acrescenta a colaboradora, essas irregularidades ocorriam num “volume muitíssimo inferior ao que passou a ser praticado nos últimos anos”. A colaboradora, destaca a PF, apresentou uma planilha com a evolução dessas irregularidades. Após as análises iniciais, a “ex-executiva concluiu depois de algum tempo e de respostas inconclusivas que esse modus operandi de fraudes contábeis já existia, mas num montante demasiadamente inferior”. 

“Bola de neve”

Ela afirmou que o “orçamento era uma meta a ser atingida, e não refletia a realidade”. “Essa meta era sempre baseada no ano anterior, que também não era real, e isso passou a virar uma bola de neve”. De acordo com os relatos feitos à PF, a “colaboradora passou a se desesperar porque nitidamente não era possível chegar nesses orçamentos, mas eles queriam sempre garantir esse crescimento constante”. 

Flávia acrescentou que quem fechava o orçamento era Marcelo Nunes, que também colaborou com a PF. A executiva disse ainda que “se metia no orçamento porque sabia que era ela quem deveria registrar na contabilidade e isso gerava diversas discussão”. Ela acrescentou que tem várias trocas de mensagem com o Carlos Padilha e José Timotheo de Barros, ex-diretor da empresa, alertando para esse problema, “que estava virando uma bola de neve, e que todos informavam que não havia ninguém bobo ali, e que todos sabiam o que estavam fazendo e que dariam um jeito de resolver este problema”. 

Saída de funcionários

Acrescenta Flávia, segundo o relatório da PF: “Ao longo dos anos muitas pessoas foram saindo porque não compactuavam com esses ilícitos, e que fica surpresa que esse modus operandi tenha persistido por tanto tempo”. 

As investigações da PF resultaram, na manhã desta quinta-feira (27/6), na Operação Disclosure (“divulgação” ou “revelação”, em inglês), para investigar supostos crimes cometidos por ex-executivos da Americanas.

A defesa de Miguel Gutierrez afirma “que não teve acesso aos autos das medidas cautelares deferidas nesta quinta-feira (27) e por isso não tem o que comentar”. “Miguel reitera que jamais participou ou teve conhecimento de qualquer fraude e que vem colaborando com as autoridades, prestando os esclarecimentos devidos nos foros próprios”.

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