FMI recomenta que Milei proteja setores mais pobres da Argentina
Medida foi citada pela subdiretora do órgão, que visitou o país nesta semana. Ela elogiou as iniciativas econômicas do governo argentino
atualizado
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A subdiretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Gita Gopinath, recomendou que o presidente Javier Milei proteja os setores sociais mais pobres da Argentina, enquanto avança com as reformas econômicas em execução no país. A afirmação foi feita em entrevista dada pela representante da instituição, publicada neste domingo (25/2) pelo jornal La Nacion.
“As medidas concretas adotadas para cumprir com a âncora fiscal devem ser calibradas para garantir que a assistência social continue sendo prestada e que o peso não recaia totalmente sobre os grupos mais pobres”, declarou a subdiretora do FMI.
A Argentina mantém com o FMI um programa de crédito de US$ 44 bilhões. Gita visitou o país entre quinta e sexta (22 e 23/2) para se reunir com Milei e integrantes do governo local. Ela também encontrou-se com economistas, sindicalistas e representantes de organizações sociais.
Perto do “precipício”
A técnica definiu como “longa e substancial” a conversa mantida com o presidente argentino. Ela observou que a economia herdada pelo atual governo “estava à beira de uma crise e exigia ações ousadas e decisivas para afastá-la do precipício”.
A inflação anual da Argentina é de 254,2%. De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos, o índice mensal de janeiro foi de 20,6%. A pobreza atinge 57,4% da população, o maior nível em 20 anos, segundo o Observatório da Dívida Social Argentina.
A subdiretora do órgão internacional elogiou as reformas promovidas por Milei, destacando a “forte” e “ambiciosa” âncora fiscal e a eliminação do financiamento monetário ao Tesouro. Para ela, essas eram iniciativas que “faltaram aos programas anteriores”.
Aspecto social
Gita, considerada a segunda pessoa mais importante na hierarquia do FMI, ressaltou ser necessário “garantir que o valor real das aposentadorias e da assistência social seja mantido” e, para isso, que “acompanhem o ritmo da inflação”.
A economista afirmou ainda que a inflação mensal pode cair a um dígito até meados de 2024. Mas levará ao menos um ano para que o índice de preços alcance um patamar mais baixo e possa ser mantido nesse nível em 2025. Ex-professora de Harvard, Gita também sugeriu que sejam eliminadas despesas e privilégios fiscais para regiões do país, que não necessitam de tais beneficios.
O FMI, ressaltou a técnica, também considera importante o investimento em capital humano. “As taxas de pobreza infantil de mais de 55% são extremamente preocupantes”, acrescentou. “É o futuro do país. É importante investir em educação e garantir que essa porcentagem diminua muito.”