FMI elogia Banco Central e recomenda maior esforço fiscal ao Brasil
Para a instituição, país deveria adotar no médio prazo sistema de metas fixas para o controle à inflação
atualizado
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A constatação de um crescimento moderado da economia neste ano, riscos com a inflação e sugestões de mudanças no sistema de metas, elogios ao Pix, apoio à reforma tributária e ao arcabouço, mas com a recomendação de ampliar o horizonte das regras fiscais. Essas são as principais conclusões do relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), publicado nesta terça-feira (16/5), sobre a visita de um corpo técnico da instituição ao Brasil entre 2 e 16 de maio.
Além de uma análise, o documento produzido pela equipe do FMI, liderada por Ana Corbacho, faz considerações sobre a condução da economia no país. Os técnicos, por exemplo, avaliam que “baixar a inflação é crucial para proteger as famílias vulneráveis”. A política monetária é definida como “consistente com a redução da inflação para a meta, em linha com o regime de metas, que tem servido bem ao Brasil”.
O FMI pondera, contudo: “Para aumentar a clareza em torno da flexibilidade quando choques atingirem a economia e reduzir a incerteza, a possibilidade de definir uma meta fixa de médio prazo poderia ser avaliada, à semelhança de outros países da região. Em contraposição, estabelecer anualmente metas para inflação futura é uma maneira menos eficiente de obter flexibilidade”. Atualmente, o Brasil segue o segundo modelo.
Os técnicos afirmaram no relatório que a inflação diminuiu rapidamente em relação ao pico atingido no ano passado, mas seu núcleo continua alto e as expectativas inflacionárias passaram a subir gradativamente. Ela deve convergir para a meta até meados de 2025.
Os especialistas do FMI também sugerem a adoção de “medidas de política específicas e iniciativas de educação financeira para enfrentar bolsões de vulnerabilidades da dívida das famílias e proteger os consumidores”.
Mas dizem que uma “participação maior dos bancos públicos (na economia) deve ser administrada com cuidado para mitigar os riscos para a sustentabilidade fiscal e a transmissão da política monetária.” Ou seja, uma eventual injeção de dinheiro na economia por essas instituições financeiras pode ser inflacionária.
Pix na vanguarda
O relatório afirma que o Banco Central (BC) está na “vanguarda da inovação financeira”. “Entre as iniciativas notáveis, destacam-se o Pix, o sistema de pagamento instantâneo de grande sucesso lançado no fim de 2020, e o sistema financeiro aberto (Open Finance), adotado em 2021”, destaca o texto. “Essas iniciativas aumentaram a inclusão, a eficiência e a concorrência financeira. O plano para o Real Digital apoiará uma infraestrutura pública de blockchain, promovendo a inovação financeira em um ambiente regulamentado.”
Para o FMI, “as autoridades” do país “estão iniciando uma agenda ambiciosa para fomentar uma economia sustentável, inclusiva e verde”. “As oportunidades para um crescimento ambientalmente sustentável são consideráveis, em especial alavancando a vantagem competitiva do Brasil em energias renováveis”, afirma o texto. “Apoiamos os planos das autoridades para reforçar a resiliência climática, interromper o desmatamento ilegal e descarbonizar a economia.”
Sobre o crescimento do país, o FMI reiterou a previsão de um avanço moderado neste ano, mas espera que a economia ganhe tração a partir do próximo ano. As projeções indicam uma redução do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,9%, em 2022, para 1,2%, em 2023. O Fundo prevê uma elevação para 1,4%, em 2024, e 2%, no médio prazo.