metropoles.com

Fitch mantém nota de crédito do Brasil, mas vê risco fiscal crescente

Agência destaca que limites do país estão em pontos como o fraco potencial de crescimento econômico e a dívida pública, que avança

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Divulgação
imagem colorida fachada fitch agência de classificação de risco
1 de 1 imagem colorida fachada fitch agência de classificação de risco - Foto: Divulgação

A agência de classificação de risco Fitch manteve, nesta sexta-feira (15/12), a nota “BB” do Brasil, com perspectiva estável. Em julho, a avaliação do país havia sido elevada em um grau. Em comunicado, a empresa afirmou que a nota do país é limitada por fatores como o fraco potencial de crescimento econômico, problemas de governança, relação dívida pública/PIB elevada e crescente, além da rigidez orçamentária.

Na avaliação da agência, contudo, o Brasil tem reservas internacionais robustas e um grande colchão de liquidez. A Fitch elogiou a taxa de câmbio flexível e a posição de credor externo líquido soberano do Brasil. 

Para a agência, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também demonstrou pragmatismo, “abstendo-se de grandes mudanças na estrutura monetária, promovendo medidas de aumento de receitas e defendendo maiores investimentos por parte de entidades estatais, mas não um regresso à agressiva política parafiscal do passado”.

Fiscal incerto

A Fitch destacou, contudo, que o novo marco fiscal tem como objetivo ancorar um processo de consolidação gradual e resolver as fraquezas orçamentárias, mas a sua eficácia é crescentemente incerta. Para a agência, a meta de déficit zero em 2024 “parece cada vez mais duvidosa, à luz das incertezas das receitas e das despesas”. 

Segundo o relatório, até agora, as autoridades resistiram às pressões para alterar a meta fiscal, mas esta continua a ser uma possibilidade em 2024. “Na opinião da Fitch, as aparentes ambiguidades no novo quadro e possíveis alterações nas suas metas poderão minar a sua eficácia como âncora para a consolidação orçamentária”, diz a empresa. 

Receitas incertas

O documento relata que as autoridades brasileiras identificaram uma série de medidas fiscais que esperam aumentar as receitas em 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Mas o rendimento potencial das medidas já promulgadas é incerto e várias ações ainda dependem de aprovação do Congresso Nacional. 

“Caso as receitas fiquem aquém das expectativas orçamentárias e comprometam a meta fiscal, isso desencadeará cortes discricionários de gastos sob a nova regra fiscal do Brasil, mas o valor necessário desses cortes está sujeito a disputas, dadas as interpretações conflitantes das diferentes disposições da regra.”

Déficit de 2% em 2023

A Fitch estima um déficit fiscal de 2% do PIB este ano, após o superávit de 1,2% em 2022. Para o governo central, o resultado deve sair de um superávit de 0,5% no ano passado para um déficit de 2,2% neste ano. “A posição fiscal do Brasil está no caminho certo para uma deterioração substancial em 2023, impulsionada por receitas fracas, grandes aumentos de gastos relacionados principalmente à expansão dos benefícios sociais do Bolsa Família e à liquidação do estoque restante de pagamentos de precatórios.” 

Dívida crescente

A dívida deve subir de 71,7% do PIB em 2022 para 74,6% neste ano e se aproximar de 80% em 2025, bem acima da mediana para países com rating na categoria ‘BB’, que é de 53%.

Segundo a Fitch, a nota do Brasil pode ser reduzida se houver mudanças que prejudiquem a credibilidade da política fiscal, a flexibilidade financeira ou a sustentabilidade de médio prazo da dívida pública. Por outro lado, a nota soberana poderia ser elevada a estabilização da política fiscal. Ou ainda, em caso de melhora nas perspectivas de crescimento e investimentos. 

Inflação

A Fitch afirmou que a inflação terminará 2023 em 4,5% no Brasil, dentro da meta de 3,25%, considerando a tolerância de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos. A agência afirma que os resultados mensais recentes têm sido benignos e a inflação subjacente e dos serviços continua a diminuir. 

A agência nota, contudo, que as expectativas de inflação permanecem um pouco acima do ponto médio da meta. “Isso reforçou uma postura cautelosa por parte do Banco Central, e a Fitch acredita que [a autoridade monetária] poderá adoptar um ritmo mais lento de flexibilização (corte de juros) caso a evolução da política externa ou interna resulte em qualquer desvio adicional nas expectativas de inflação.”. 

O relatório ressalta que o superávit comercial do Brasil deve atingir um recorde de US$ 80 bilhões em 2023. A Fitch projeta que isso reduzirá o déficit em conta corrente para 1,4% do PIB em 2023, de 2,7% em 2022. Dessa forma, fortes fluxos comerciais e um diferencial atraente nas taxas de juros apoiaram a apreciação do câmbio neste ano. “Atualmente com um valor de US$ 350 bilhões, as reservas internacionais cobrem cerca de nove meses de pagamentos externos correntes, o segundo nível mais elevado (entre os países com rating) na categoria ‘BB’.”

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNegócios

Você quer ficar por dentro das notícias de negócios e receber notificações em tempo real?