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Fim da guerra de maquininhas? Taxa do cartão volta a subir após 6 anos

Em relatório, o banco UBS diz que a taxa de desconto, cobrada das operações de crédito e débitos nas maquininhas de cartão, voltou a subir

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A multiplicação de empresas que atuam na adquirência, segmento da indústria de pagamentos que cuida da operação de máquinas de cartão, é visível nos balcões dos estabelecimentos.

Ao pagar, o consumidor frequentemente encontra maquininhas de todas as formas, tamanhos e cores – azul, amarela, vermelha, verde e cinza. A diversidade de cores é um retrato do aumento da concorrência no setor.

Nos últimos anos, empresas como Stone, PagSeguro, GetNet, Mercado Pago e Safrapay chegaram ao mercado para rivalizar com as líderes Cielo e Rede, criando o que o mercado batizou de guerra das maquininhas.

Mas segundo uma pesquisa do banco americano UBS, o setor pode estar vivendo tempos de trégua. As taxas de desconto, cobradas dos comerciantes sobre cada operação no débito ou no crédito, voltaram a subir pela primeira vez em 6 anos.

Em 2016, as taxas de desconto, chamadas de MDR, estavam em 3,7% para as operações de crédito e em 2,6% para as operações de débito. Os valores caíram para o piso de 2,1% e 1,3%, respectivamente, em outubro de 2021, e voltaram a avançar em setembro de 2022, quando a MDR foi de 2,8% para o crédito e 1,6% para o débito.

Isso significa um aumento de custo para os comerciantes e lojistas, que deverão direcionar um percentual ligeiramente maior dos valores de produtos e serviços para as empresas que realizam as transações de cartão. No fim, é esperado que esse custo maior seja repassado para o consumidor.

“Acreditamos que esta tendência reflete o movimento de reprecificação observado no setor de pagamentos durante os últimos meses, motivado principalmente pelo aumento dos custos de captação”, diz a equipe de análise do UBS, em relatório.

Com a alta da Selic, que saiu de 2% em 2021 para os atuais 13,75%, as empresas de pagamento enfrentam um custo mais alto para captar recursos e financiar suas operações.

Quebra de duopólio

Até 2009, Cielo e Rede reinavam absolutas sobre as operações com cartões. Cada uma tinha um acordo de exclusividade com as maiores bandeiras de cartão: compras com Visa só eram feitas em máquinas da Cielo, e clientes Mastercard só podiam usar seus cartões em aparelhos da Rede.

Foi então que o Banco Central decidiu quebrar o duopólio, obrigando que as duas bandeiras fossem aceitas em qualquer máquina. Novas concorrentes entraram no setor de adquirência, a competição apertou as margens das empresas.

Boanerges Ramos Freire, presidente da Boanerges & Cia, consultoria de serviços financeiros, diz que, em operações com grandes clientes, as adquirentes chegaram a zerar as receitas com as operações de cartão.

“Havia casos em que o repasse para o emissor do cartão era maior do que a própria taxa de desconto. As empresas estavam pagando para trabalhar. Por isso, nos últimos meses, houve um reposicionamento do setor”, explica Freire.

Ele lembra que o Banco Central coleta os dados das taxas de desconto em janelas trimestrais e que os dados mais recentes, que vão até o segundo trimestre de 2022, já mostram uma estabilidade nas taxas.

“As operações de cartão se tornaram commodity, principalmente agora com a competição do Pix, uma ferramenta simples e de custo baixo. As empresas despertaram para a necessidade de prover outros serviços para ajudar o comerciante a vender mais, ao invés de ficar brigando pelas taxas”, explica o presidente da Boanerges & Cia.

Ele diz que foi esse o objetivo, por exemplo, da compra da Linx pela Stone, em 2020, por R$ 6 bilhões. Um dos principais serviços da plataforma é a gestão de estoque para o varejo.

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