Fiesp, varejo e MST: a agenda de Haddad em SP nesta 5ª
Ministro receberá o presidente da Fiesp, representantes de empresas do varejo brasileiro e lideranças do MST; saiba o que será discutido
atualizado
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Depois de uma semana marcada pela entrega do projeto do novo arcabouço fiscal ao Congresso Nacional e pela decisão do governo de manter a isenção de impostos para transações internacionais entre pessoas físicas em compras de até US$ 50, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cumpre nesta quinta-feira (20/4) uma intensa agenda de reuniões em São Paulo.
Entre os compromissos de Haddad no escritório do Ministério da Fazenda na capital paulista, estão reuniões com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, com representantes do setor de varejo e integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
O ministro da Fazenda, que acompanharia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem para Portugal e Espanha neste fim de semana, cancelou sua participação e decidiu permanecer no Brasil. Haddad pretende avançar nas negociações em torno do arcabouço fiscal no Congresso.
Fiesp
A primeira reunião do dia está marcada para as 10 horas, com Josué Gomes da Silva. O presidente da Fiesp volta a ser recebido por Haddad três semanas depois da última reunião entre os dois em São Paulo. Eles devem tratar, entre outros temas, da iniciativa do governo de elaborar uma espécie de “Plano Safra da indústria”, sugerido pelo próprio Josué.
O Plano Safra foi instituído em 2003 pelo Ministério da Agricultura para fomentar a produção rural brasileira. A ideia do governo é fortalecer a indústria nacional, que vem patinando nos últimos anos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial no país recuou 0,2% em fevereiro, o terceiro resultado negativo consecutivo do setor.
Haddad e o presidente da Fiesp também devem tratar da reforma tributária, uma das prioridades da equipe econômica para este primeiro ano de governo. Durante um seminário na sede da Fiesp no início da semana, Josué disse que a proposta está “madura” para ser aprovada no Congresso Nacional.
Varejo
Na semana em que o governo recuou da decisão de taxar transações internacionais entre pessoas físicas em compras de até US$ 50 no comércio eletrônico – medida que havia sido bem recebida por empresas varejistas brasileiras –, Haddad receberá representantes do setor, associados ao Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV).
As varejistas brasileiras têm sofrido com a concorrência de empresas asiáticas como Shein, Shoppee e AliExpress, que, segundo o governo, estariam se passando por pessoas físicas para enviar as encomendas a clientes do Brasil sem cobrança de imposto.
Depois do recuo do governo, que desistiu de taxar esse tipo de transação a pedido de Lula, as ações de algumas das principais empresas do varejo nacional despencaram na bolsa de valores.
Segundo Haddad, a equipe econômica estudará medidas para coibir eventuais fraudes e resolverá o problema “administrativamente”, como pediu Lula.
Entre as empresas que estarão representadas na reunião com Haddad, nesta quinta, estão C&A, Lojas Renner, Marisa, Magazine Luiza, Petz e Grupo Boticário.
MST
A última reunião do dia em São Paulo será com representantes do MST, entre os quais João Paulo Rodrigues e Gilmar Mauro, da coordenação nacional do movimento.
Nas últimas semanas, o grupo, que é apoiador do governo Lula, invadiu uma área de preservação ambiental da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Petrolina (PE), além de oito fazendas no estado de Pernambuco e sedes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em pelo menos sete estados do país.
As invasões fazem parte das ações do MST no chamado “abril vermelho”. Os atos foram repudiados pelos ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, depois de o governo ser criticado pela oposição por suposta leniência com os sem terra.