Fiesp: produção industrial deve cair 0,5% em 2023
Segundo a Fiesp, a economia brasileira deve desacelerar, assim como em grande parte do mundo, como consequência da elevação dos juros
atualizado
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A produção industrial brasileira deve fechar 2023 com uma queda de 0,5%, segundo projeção da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Segundo a entidade, a economia brasileira deve desacelerar, assim como em grande parte do mundo, como consequência da elevação das taxas de juros para conter a inflação global.
Para o economista-chefe da Fiesp, Igor Rocha, os estímulos fiscais feitos pelo governo no ano passado, principalmente por meio da ampliação de programas sociais, têm efeito restrito diante do ciclo de alta dos juros. “Os efeitos dos estímulos fiscais na atividade se esgotam rapidamente em um cenário de juros mais altos”, afirma Rocha.
De acordo com dados da Fiesp, 11 dos 25 setores da indústria de transformação perderam força no ano passado, entre os quais as indústrias têxtil, metalúrgica e de móveis.
Segundo dados divulgados na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial recuou 0,7% no acumulado de 2022. Em 2021, o setor havia registrado alta de 3,9%. Em dezembro, na comparação com novembro, não houve variação.
Com o resultado, a indústria brasileira se situa 2,2% abaixo do patamar pré-pandemia de Covid-19, em fevereiro de 2020. A produção industrial está 18,5% abaixo do nível recorde da série histórica, alcançado em maio de 2011.
Indústria “patina”
Reportagem publicada pelo Metrópoles em janeiro mostrou que alta carga tributária, burocracia, problemas de infraestrutura, custo de energia elevado e efeitos da crise sanitária enfrentada pelo país e pelo mundo durante a pandemia são alguns dos fatores apontados pelo setor industrial para explicar por que a indústria brasileira vem “andando de lado” e não consegue deslanchar, amargando uma estagnação que já dura algum tempo.
“A indústria tem crescido muito lentamente, tem andado de lado. Quando comparamos os últimos seis meses com os seis meses imediatamente anteriores, percebemos um crescimento muito tímido, abaixo de 1%”, lamenta o gerente-executivo de Economia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Mário Sérgio Telles.
“Basicamente, o que explica esse desempenho ruim é que os setores mais dependentes de crédito já estão sentindo bastante o aumento da taxa de juros”, prossegue Telles. “Tem uma parte do setor industrial que depende muito de financiamento para escoar a produção e para vender. O comércio que vende esses produtos tem tido um desempenho pior, o que se reflete na produção industrial.”
Em reunião com a diretoria da Fiesp no dia 30 de janeiro, o presidente da entidade, Josué Gomes da Silva, criticou as altas taxas de juros da economia brasileira e pediu a redução da carga tributária para o setor.