FedNow: conheça o “Pix dos EUA”, que será lançado em julho
Assim como o Pix, lançado em 2020 no Brasil, sistema americano de pagamentos instantâneos vai operar 24 horas por dia, sete dias por semana
atualizado
Compartilhar notícia
Um sistema de pagamentos instantâneos semelhante ao Pix brasileiro será lançado nos Estados Unidos em julho deste ano. O anúncio foi feito pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano).
O modelo, batizado de FedNow, foi anunciado pela autoridade monetária dos EUA em 2019 e está em fase de testes finais desde setembro do ano passado.
Assim como o Pix, lançado pelo Banco Central (BC) em 2020, o sistema americano de pagamentos instantâneos vai operar 24 horas por dia, sete dias por semana.
Inicialmente, o lançamento do FedNow era esperado para maio ou julho deste ano, mas o Fed decidiu antecipar a estreia do sistema, em meio à preocupação generalizada no mercado financeiro em relação ao possível contágio do sistema bancário por causa da crise no Credit Suisse e da falência do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank.
“O FedNow permitirá que todas as instituições financeiras participantes, das menores às maiores, de todos os cantos do país, ofereçam uma solução moderna de pagamento instantâneo”, afirmou Ken Montgomery, vice-presidente do Fed de Boston.
Segundo o Fed, a plataforma oferecerá “um conjunto robusto de funcionalidades básicas de compensação e liquidação e recursos de valor agregado”. O banco informou também que “mais recursos e aprimoramentos serão adicionados em versões futuras para continuar a oferecer suporte à segurança, resiliência e inovação no setor, à medida que a rede FedNow se expande”.
Na última etapa de testes do “Pix dos EUA”, estão sendo avaliadas a capacidade operacional e a experiência em rede da nova plataforma. A certificação dos bancos participantes terá início em abril. Após serem certificados, eles realizarão atividades de validação do FedNow em junho, antes do lançamento, em julho.
Pix ganha o mundo
Como mostrou reportagem do Metrópoles publicada em janeiro deste ano, o Pix começou a ganhar o mundo. Em novembro de 2022, exatos dois anos após o surgimento do sistema instantâneo de pagamentos e transferências financeiras, a Agillitas, instituição de pagamentos do Banco Rendimento, lançou o Rendix, que funciona como uma espécie de “Pix internacional”.
A nova plataforma, autorizada pelo BC, facilitou a vida dos brasileiros que vão ao exterior e, até então, não conseguiam fazer compras por meio do Pix fora do país. Agora, basta encontrar uma loja ou estabelecimento comercial que tenha aderido ao Rendix para efetuar o pagamento de forma instantânea, como ocorre no Brasil.
A iniciativa da Agillitas, de certa forma, é uma prévia dos planos do próprio BC, que tem entre seus projetos a internacionalização do Pix. De acordo com o Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do BC, a implementação do Pix internacional “oficial” deve ocorrer em 2025.
Outros países
Diante do sucesso do Pix no Brasil, outros países têm se debruçado sobre novos sistemas de transferências e pagamentos instantâneos, em formatos semelhantes ao modelo brasileiro. O Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), considerado “o Banco Central dos Bancos Centrais”, vem testando a plataforma Nexus, que permitirá transferências financeiras instantâneas para cerca de 60 países.
Países da zona do euro, com intermediação do Banco Central Europeu (BCE) e do BIS, além de Malásia e Cingapura, já estão testando o Nexus. O Brasil participa dos testes e do desenvolvimento da plataforma como consultor. Há iniciativas semelhantes ao FedNow americano em países como China, Índia e Austrália.
No fim de fevereiro, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que a autoridade monetária está discutindo o projeto do Pix internacional com pelo menos quatro países latino-americanos: Uruguai, Colômbia, Equador e Chile.
Em 2022, o Pix movimentou R$ 10,9 trilhões, segundo dados do BC. O montante corresponde a mais do que o dobro do valor registrado em 2021 (R$ 5,21 trilhões). O total movimentado pelo Pix no ano passado supera em mais de duas vezes o valor de pagamentos por boletos (R$ 5,3 trilhões).