Fed decide cortar juros nos EUA pela primeira vez desde 2020
Corte de 0,50 pontos percentuais já era esperado pelo mercado e deve aquecer a atividade econômica nos Estados Unidos
atualizado
Compartilhar notícia
O Federal Reserve (Fed) decidiu cortar em 0,50 pontos percentuais os juros nos Estados Unidos. A taxa, que estava no intervalo de 5,25% a 5,50% desde julho de 2023, foi reduzida para 4,75% a 5% ao ano. A decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), anunciada nesta quarta-feira (18/9), era esperada há meses por investidores. Este foi o primeiro corte nos juros desde 2020. As taxas estavam no maior patamar em uma tentativa de conter a inflação após a pandemia de Covid.
“O Comitê ganhou maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção a 2%, e julga que os riscos para atingir suas metas de emprego e inflação estão aproximadamente em equilíbrio. A perspectiva econômica é incerta, e o Comitê está atento aos riscos. À luz do progresso na inflação e do equilíbrio de riscos, o Comitê decidiu reduzir a faixa-alvo para a taxa de fundos federais em 0,50 ponto percentual para 4,75% a 5% ao ano”, disse a Fed em comunicado, logo após o anúncio.
O documento também deixa claro que o Comitê continuará reduzindo as participações em títulos do Tesouro e títulos lastreados em dívidas e hipotecas de agências e que está fortemente comprometido em apoiar o emprego máximo e retornar a inflação ao seu objetivo de 2%.
A decisão do Comitê do Fed não foi unânime, uma vez que Michelle Bowman votou pelo corte de 0,25 p.p. Votaram a favor da redução de 0,50 p.p: Jerome Powell; John Williams; Thomas Barkin; Michael Barr; Raphael Bostic; Lisa Cook; Mary Daly; Beth Hammack; Philip Jefferson; Adriana Kugler; e Christopher Waller.
Agora, com juros menores nos EUA, a expectativa é de melhora na atividade econômica e de novo ânimo para que os investidores procurem mais rentabilidade, destravando investimentos diretos e também nas bolsas de valores.
O corte já era dado como certo desde o discurso do presidente da instituição, Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole, em agosto. Na época, ele disse que “chegou a hora de mudar a política (monetária)” dos EUA e que havia um “amplo espaço” para reduzir os juros.
Dados divulgados recentemente deram a base de sustentação para a decisão. A atividade econômica do país segue forte e o Produto Interno Bruto nos EUA foi de 3% no segundo trimestre. Já a inflação de agosto caiu para 2,5% no acumulado em 12 meses, o menor patamar desde fevereiro de 2021, e mais perto da meta de 2% do Fed.
Nos últimos meses, no entanto, o número de vagas de trabalho diminuiu e a taxa de desemprego subiu para 4,2% em agosto. Um ano atrás, a taxa era de 3,8%. Analistas avaliam que a preocupação maior do Fed era conseguir as taxas, aliviando os freios da economia e tornando mais fácil para as empresas e famílias dos americanas tomarem empréstimos, mas sem oferecer mais combustível para a inflação. Segundo especialistas, qualquer erro de calibragem pode gerar uma recessão.