Ex-presidente da Petrobras critica nova política de preços da estatal
Roberto Castello Branco diz que mudança pode gerar prejuízo para a empresa. Sergio Gobetti, do Ipea, considera alteração “pouco inteligente”
atualizado
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O ex-presidente da Petrobras, o economista Roberto Castello Branco, disse que “quebrou uma promessa que havia feito, para ele mesmo, de não fazer comentários sobre questões ligadas à companhia”. A quebra foi provocada pela mudança da política de preços, anunciada nesta terça-feira pela estatal.
Para Castello Branco, a alteração, que marca o fim da política de Preço de Paridade de Importação (PPI), pode provocar prejuízo e reduzir os dividendos pagos pela estatal. Ela afetará ainda a produção de etanol, cujo valor é vinculado ao da gasolina.
O economista observou que, quando a empresa fixa preços com base num “custo alternativo do cliente”, como pretende fazer a partir de agora, pode praticar valores abaixo dos vigentes no exterior. Isso afetaria importadores. Eles terão de aceitar pagar quantias mais elevadas no mercado externo para vender mais barato no interno.
“Pouco inteligente”
Já o economista Sergio Gobetti, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), classificou a mudança promovida pela direção da Petrobras como “pouco inteligente”. Gobetti defende a cobrança de um imposto adicional sobre o lucro das petrolíferas. Os recursos obtidos com esse tributo seriam usados como uma espécie de colchão, para subsidiar o preço do combustível na bomba, quando picos de volatilidade do valor do barril de petróleo.
Com isso, o governo teria condições de evitar que elevações do custo do barril provocassem impacto inflacionário no país. Poderia também fixar subsídios pontuais. “Ora mais sobre gasolina, ora sobre o diesel, por exemplo”, diz o economista.
O fim do PPI, observa Gobetti, só alcança a Petrobras, que produz 70% do petróleo do país. “Ou seja, ela não atinge 100% do mercado e ainda provoca uma intervenção no sistema de preços da economia, o que é muito mais complicado”, afirma.