Ex-donos do Kabum fazem BO contra Magalu por apropriação de documentos
Afastados da empresa, eles afirmam que havia dados pessoais em máquinas retidas por varejista. Magalu diz que equipamentos são da companhia
atualizado
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Os irmãos Leandro e Thiago Ramos, ex-donos do Kabum, o maior site de e-commerce da América Latina de produtos de tecnologia e games, registraram na tarde desta segunda-feira (27/2) um Boletim de Ocorrência (BO) por “apropriação indevida” de documentos contra o Magazine Luiza, o Magalu. O BO foi feito na cidade de Limeira, no interior paulista, onde fica a sede do Kabum. Por conta do problema, cerca de dez policiais militares estiveram no local na tarde de ontem. O Magalu, contudo, nega as acusações (veja abaixo).
Os irmãos Ramos, que criaram o site de comércio online em 2003, em Limeira, entraram com uma ação na Justiça, na qual questionam a forma como a plataforma online foi vendida para o Magazine Luiza, em dezembro de 2021, por R$ 3,5 bilhões. Eles alegam que foram prejudicados pelo Itaú BBA, que intermediou a negociação com a varejista. O banco também contesta todas as acusações dos ex-donos do Kabum. (Veja reportagem completa neste link.)
No BO desta segunda, os irmãos Ramos dizem que, por volta das 9h15, receberam uma ligação de um representante do Magalu, informando que o contrato de trabalho de ambos havia sido suspenso por tempo indeterminado. Embora tenham vendido a plataforma online para a varejista havia mais de um ano, eles continuavam na direção da companhia.
Minutos depois dessa informação, afirmam os irmãos, eles receberam “diversas mensagens e ligações de outros colaboradores da empresa”, dizendo que também estavam sendo afastados. Souberam ainda que, durante o desligamento das secretárias dos dois executivos, elas não tiveram acesso a seus “pertences” , como “pen drives, computadores e documentos, levados por pessoas desconhecidas por todos no Kabum”. Nas máquinas, assim como nos pen drives, segundo o BO, havia “informações pessoais” dos Ramos.
Por volta das 11 horas, prossegue o relato, os irmãos reuniram-se com representantes do Magazine Luiza. Na ocasião, foi definido que os equipamentos das secretárias não seriam “mexidos”. No início da tarde, porém, os dois foram informados que as máquinas só seriam liberadas depois que tivessem os arquivos copiados. “Após essa informação, chamei a polícia para ir até a empresa e verificar o que estava ocorrendo, face à violação de informações e dados pessoais sem ordem ou determinação judicial”, disse, no BO, Leandro Ramos.
Magalu contesta versão
Consultado, o Magalu informou que os notebooks “Sony Vaio (identificação 00738) e Acer (013842) são propriedades da Kabum e, portanto, pertencem à companhia controladora”. A empresa enviou ainda fotos com a identificação dos aparelhos.
Na tarde desta segunda (27/2), outro Boletim de Ocorrência registrou a versão dos fatos sob o ponto de vista da empresa. O BO, nesse caso, aponta que o afastamento dos irmãos ocorreu em cumprimento de deliberação da Ata de Assembleia Geral Extraordinária da Magazine Luiza, realizada na sexta-feira (24/2).
Além disso, imediatamente após o desligamento, todos os equipamentos de propriedade da Kabum, “devidamente identificados com número de patrimônio da empresa, de posse dos colaboradores desligados”, foram retidos seguindo um “procedimento padrão”.
A seguir, informa o texto, os irmãos Ramos solicitaram a devolução dos computadores usados por suas assistentes, sob o argumento de que eles conteriam dados pessoais de ambos. “Por mera liberalidade, o Kabum concordou em entregar os referidos equipamentos, mas por questão de segurança interna, de modo a preservar eventuais dados de propriedade, iniciou o procedimento de backup do conteúdo dos HDs das máquinas utilizando os serviços terceirizados da empresa ICTS”.
“Em paralelo”, continua o texto, “as mencionadas assistentes adentraram as salas dos diretores co-presidentes (os irmãos Ramos) para a retirada de seus pertences pessoais, procedimento registrado em vídeo e áudio do início ao fim com a posterior lacração destas salas”. Por fim, “durante o procedimento de backup e devolução dos equipamentos do Kabum o depoente (funcionário da empresa) foi surpreendido pela presença de cerca de dez Policiais Militares juntamente com os diretores co-presidentes já afastados da direção da Kabum e seu advogado solicitando a devolução imediata de tais equipamentos e dos pen drives”.
“Após todos terem sido acomodados em uma sala do Kabum”, prossegue o BO, “houve uma tentativa de devolução dos equipamentos e pen drives, que foi recusada por ambos os diretores co-presidentes”.