Ex-diretor da Americanas ficou “surpreso com denúncia de fraude”
Foi o que disse Márcio Meirelles, que trabalhou 28 anos na varejista, na CPI da Câmara. Depois, ele decidiu permanecer em silêncio
atualizado
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Ex-diretor da Americanas Márcio Cruz Meirelles optou por permanecer em silêncio durante a sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), na Câmara dos Deputados, que apura a fraude contábil de R$ 20 bilhões na varejista, realizada nesta terça-feira (15/8). Meirelles afirmou aos parlamentares que não faria declarações, seguindo orientação de seus advogados.
Antes disso, porém, lendo um comunicado, Meirelles disse que ficou “surpreso” com a denúncia de fraude na Americanas, exposta em fato relevante divulgado pela própria companhia, em 11 de junho. No documento, ex-diretores da companhia eram apontados como responsáveis pelo problema.
A mesma acusação foi feita pelo atual CEO da empresa, Leonardo Coelho Pereira, durante sessão da CPI, em 13 de junho. Ela estava baseada em documentos coletados por um comitê interno da companhia, criado pelo conselho de administração, que investiga o caso.
No pronunciamento, Meirelles afirmou ainda ter 52 anos, 28 anos dos quais dedicados à Americanas, onde ingressou como estagiário, em 1994. Ele observou que “sempre acreditou na companhia”, destinando parte da “remuneração à compra de ações”, que mantém em “grande parte”.
Antes de Meirelles, também participaram da sessão da CPI, como convidados, o procurador José Maria de Castro Panoeiro, do Ministério Público Federal (MPF), e o delegado da Polícia Federal Acen Amaral Vatef, da Delegacia de Repressão a Crimes Previdenciários (Deleprev). Panoeiro disse que negocia um acordo de delação premiada com ex-diretores da companhia.
Por meio de nota, a varejista contestou a versão de Meirelles. “A Americanas reitera que o relatório apresentado na Comissão Parlamentar de Inquérito em 13/06 foi baseado em documentos levantados pelo Comitê de Investigação Independente, além de documentos complementares identificados pela Administração e seus assessores jurídicos. O material prévio indica que as demonstrações financeiras da companhia vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior da Americanas. A companhia reforça que as investigações do Comitê Independente ainda estão em curso. A Americanas segue colaborando com todas as apurações e investigações, tanto pela Comissão de Valores Mobiliários, como outras autoridades e órgãos competentes, como o Ministério Público, a Polícia Federal e a Câmara dos Deputados, sendo a maior interessada no esclarecimento dos fatos“.