Ex-CEO da Americanas diz que não viu “indício” de participação do trio 3G
Sérgio Rial falou à Comissão Parlamentar de Inquérito que apura a fraude na Americanas. Rial deixou o cargo nove dias após assumir
atualizado
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O ex-diretor executivo da Americanas, Sérgio Rial, disse nesta terça-feira (22/8) não ter identificado “nenhum indício” de participação do trio de acionistas de referência formado por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Alberto Sicupira na fraude contábil da empresa.
As declarações foram feitas à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura o caso da varejista, revelado no início do ano e dias após Rial assumir o cargo.
O executivo foi questionado pelo deputado Carlos Chiodini (MDB-SC) sobre um “possível envolvimento” de acionistas de referência e do conselho de administração da Americanas na fraude.
“Essa é uma pergunta recorrente, e obviamente que eu, como havia sido contratado pelo conselho… Surgiram inclusive ilações com relação a mim nesse sentido”, disse Rial à CPI.
“O que eu posso dizer: não vi nenhum indício nem antes, nem durante, nem depois em relação a isso”, disse o executivo, que afirmou que não falava “em condição de advogado de defesa, muito menos de assistente de acusação”. “Estou aqui para relatar o que eu vi e o que eu vivi”, disse.
“Eu não vi nenhum indício de nenhum dos acionistas de referência antes, durante e depois. Ao contrário, quando surge o problema que eu levo, não houve qualquer resistência nesse sentido. Então, qualquer coisa diferente disso seria no campo do imaginário”, afirmou Rial.
“Eu fiz perguntas”, disse Rial
O ex-presidente da Americanas narrou à CPI a trajetória desde sua contratação até a chegada à varejista e descoberta da fraude contábil.
Ex-presidente do Santander e com longa carreira no mercado corporativo brasileiro, Rial chegou ao comando da Americanas oficialmente em 2 de janeiro e deixou o cargo nove dias depois, já com a fraude revelada.
Após receber as informações da então diretoria sobre uma dívida bancária na ordem de quase R$ 16 bilhões, Rial disse que levou os mesmos diretores para uma reunião com o conselho de administração, no dia 6 de janeiro. O encontro ocorreu na presença de um dos acionistas do trio, segundo Rial.
Na percepção do executivo, não houve evidência, nessa reunião, de que os acionistas de referência soubessem da situação previamente.
“Na sexta-feira do dia 6, cabe à diretoria reportar ao presidente do conselho e a um dos acionistas de referência o que eles [diretores] haviam me dito, no dia 4, sobre o tema dívida bancária. Nada além disso”, disse Rial.
“Eu fiz perguntas, óbvio que fiz perguntas. Porque eu queria entender a dinâmica de onde eu tinha chegado. […] Não houve qualquer insinuação por parte dos diretores que estavam lá na presença do presidente do conselho ou sequer do acionista de referência. Então, esses são os dados que eu tenho”, disse.
Na fala à CPI, Rial também defendeu que o Brasil precisa criar condições para “denunciantes de boa-fé” revelarem casos como o da Americanas sem que tenham carreiras profissionais prejudicadas.
Ao falar sobre a situação atual da varejista, que vive recuperação judicial e cenário de negociação com credores, Rial afirmou que “a empresa tem todas as chances de permanecer uma viável e importante” no país.