Evergrande retoma negócios na Bolsa de Hong Kong e dispara quase 30%
Mesmo com a alta das ações da Evergrande, os principais índices das Bolsas de Valores na Ásia fecharam o dia em baixa
atualizado
Compartilhar notícia
A Evergrande, gigante do setor imobiliário na China, retomou nesta terça-feira (3/10) as negociações na Bolsa de Valores de Hong Kong.
A reativação dos negócios da companhia acontece cinco dias depois de as ações da Evergrande terem sido suspensas do pregão em Hong Kong, em meio a uma nova crise na empresa.
Em seu retorno à Bolsa, a Evergrande fechou o dia com uma forte alta de 29% nos papéis. Durante a sessão, a valorização dos ativos chegou a ultrapassar 60%.
Na semana passada, veio à tona a informação de que o presidente e fundador da Evergrande, Hui Ka Yan, havia sido detido pelas autoridades chinesas e estaria em prisão domiciliar.
A Evergrande é alvo de uma investigação de órgãos regulatórios da China. Há duas semanas, a polícia de Shenzhen informou que havia prendido outros funcionários da companhia.
Hui Ka Yan, hoje com 64 anos, fundou a Evergande em 1996. A companhia se tornou a maior incorporadora residencial da China, mas acumulou dívidas nos últimos anos, até deixar de pagar suas obrigações internacionais em 2021.
Bolsas em queda
Mesmo com a alta das ações da Evergrande, os principais índices das Bolsas de Valores na Ásia fecharam o dia em baixa.
As perdas foram lideradas justamente por Hong Kong – o índice Hang Seng caiu 2,69%, aos 17,3 mil pontos, pressionado pela queda de outros papéis ligados ao setor imobiliário.
Em Tóquio, o índice Nikkei recuou 1,64%, aos 31,2 mil pontos. Em Taiwan, o Taiex teve perdas de 0,62%, aos 16,4 mil pontos.
Por causa de feriados, não houve pregão na China Continental e na Coreia do Sul.
Novo calote
Na semana passada, a Evergrande informou que está impossibilitada de emitir novos títulos, em meio à crise de liquidez enfrentada pela companhia, o que agrava a situação já delicada do mercado imobiliário do país asiático.
Em comunicado apresentado à Bolsa de Valores de Hong Kong, a Evergrande afirmou que a subsidiária Hengda Real Estate é alvo de uma investigação da Comissão Reguladora de Valores da China por supostamente violar as normas de divulgação de informações.
De acordo com a Evergrande, essa investigação impede que a empresa emita novos títulos.
Proteção contra falência
Em meados de agosto, a Evergrande pediu proteção contra a falência nos Estados Unidos.
A companhia recorreu a um instrumento denominado Chapter 15, da Lei de Falências dos Estados Unidos, que trata de processos internacionais de recuperação judicial que tiveram início em outros países.
A regra permite às empresas estrangeiras terem seu processo estendido aos EUA, protegendo ativos que possuem no país.
O pedido da construtora chinesa se refere a procedimentos de reestruturação em Hong Kong e nas Ilhas Cayman.
A Evergrande tenta, há meses, concluir um plano de reestruturação de sua dívida. Em abril, a companhia informou que não contava com o apoio necessário dos credores para colocar o plano em prática.
Há duas semanas, a Sunac, outra grande empresa do setor imobiliário chinês, também apresentou um pedido de proteção contra falência nos EUA. No fim do ano passado, as dívidas da Sunac giravam em torno de 1 bilhão de yuans, o equivalente a US$ 137 milhões.