EUA devem anunciar feito inédito na produção de “energia do futuro”
Experimento ocorreu na Califórnia, com tecnologia de fusão nuclear. Embora seja de difícil domínio, ela não emite gases do efeito estufa
atualizado
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Cientistas do Laboratório Nacional Lawrence Livermore (LLNL), na Califórnia, realizaram um feito inédito na geração de energia a partir da fusão nuclear – que é a fonte de calor e luz do Sol e das demais estrelas. A tecnologia é considerada por alguns especialistas como a principal promessa de uma fonte limpa para o futuro, pois produz poucos resíduos e não emite gases do efeito estufa, os mesmos que levam ao aquecimento global.
A informação foi divulgada nesta segunda-feira pela agência Bloomberg. Depois que a notícia circulou, o Departamento de Energia dos Estados Unidos anunciou que Jennifer Granholm, a secretária do governo americano para o setor, anunciará nesta terça-feira (13/12) um “grande avanço científico” nessa área. Não houve, porém, confirmação se as declarações de Jennifer estariam relacionadas ao experimento do LLNL.
De acordo com os primeiros dados disponíveis, o feito dos pesquisadores do laboratório californiano consistiu em obter, pela primeira vez, mais energia em uma reação por fusão nuclear do que a despendida na produção do material.
Os reatores nucleares convencionais, usados desde a década de 1950, produzem energia por meio da fissão, a divisão de átomos pesados em elementos mais leves. A fusão gera energia limpa fundindo átomos, sob temperatura na casa de até 100 milhões de graus Celsius, e comprimido a densidades cerca de 100 vezes maiores que a do chumbo.
O desafio científico-tecnológico de imitar o processo estelar de geração de energia, contudo, é muito mais complexo do que o domínio da fissão. A fusão vem sendo pesquisada há décadas por cientistas. Embora os resultados do LLNL representem um avanço, há um longo caminho até o uso efetivo da tecnologia.
Investidores como Bill Gates, o criador da Microsoft, Jeff Bezos, fundador da Amazon, e o americano John Doerr, da Kleiner Perkins, com sede na Califórnia, injetaram milhões de dólares em companhias que desenvolvem tecnologia de fusão nuclear. A indústria como um todo aportou mais de US$ 2,8 bilhões só no ano passado nesse setor, de acordo com a Fusion Industry Association.