Entre 64 países, Brasil ocupa o 57º lugar em competitividade digital
Em 2023, país caiu 5 posições no ranking e piorou em todos os quesitos analisados em relação a 2022. No item “talentos”, é o último colocado
atualizado
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Entre 64 países, o Brasil ocupa a 57ª posição no ranking Anuário de Competitividade Digital de 2023, produzido pelo IMD, a escola de negócios com sede na Suíça, em parceria no Brasil com a Fundação Dom Cabral (FDC). Além de estar na rabeira da lista, o país caiu cinco posições e piorou em todos os quesitos analisados no estudo, na comparação com o ano passado.
No quadro geral, os Estados Unidos retornaram à liderança do ranking (veja quadros abaixo), depois de terem perdido a primeira posição para a Dinamarca em 2022. Em 2023, o segundo lugar ficou com a Holanda. A seguir, vieram Singapura (3º), Dinamarca (4º) e Suíça (5º). As últimas posições foram ocupadas por Botswana (60º), Argentina (61º), Colômbia (62º), Mongólia (63º) e Venezuela (64º).
No caso brasileiro, os resultados foram desastrosos em tópicos como “experiência internacional da força de trabalho” (63º, a penúltima posição do levantamento), “habilidades tecnológicas” (62º) e “estratégias de gestão das cidades para apoiar o desenvolvimento de negócios” (61º).
Escassez de talentos
Em relação ao item “talento”, o Brasil ficou na última posição entre os 64 países avaliados. Na pesquisa, o conceito envolve o desenvolvimento de habilidades digitais, a atração de estrangeiros qualificados e “possíveis experiências internacionais” dos profissionais do setor.
Hugo Tadeu, diretor do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC, observa que o relatório mostra que o Brasil falha em todos os níveis nesse quesito . “É um problema que começa na base, com uma educação ruim nas escolas, segue nos cursos superiores, que não formam engenheiros, cientistas da computação e matemáticos em volume suficiente”, diz. “Depois disso, ele prossegue nas empresas, que também não promovem treinamento e capacitação adequados a seus empregados.”
Melhores resultados
Na pesquisa, os melhores resultados do Brasil foram obtidos em itens como gastos públicos em educação (12ª posição no ranking) e representatividade feminina em pesquisas científicas (17ª). O país vai bem ainda quanto à produtividade em estudos de pesquisa e desenvolvimento (P&D, 7ª posição), ao uso de robótica em educação e P&D (17ª) e à utilização de serviços públicos online pela população (11ª).
Queda generalizada
Embora tenha alcançado um bom nível nesses tópicos, o Brasil apresentou queda de desempenho em todos os itens avaliados no estudo. O conceito de competitividade digital está relacionado à capacidade de adoção e exploração de tecnologias digitais por parte de um país. O objetivo final é que essas ferramentas conduzam à transformação nas práticas governamentais, nos modelos de negócios e na sociedade em geral. Elas são importantes alavancas de inovações e empreendedorismo.
A avaliação do desempenho dos países é feita com base em três fatores. São eles o conhecimento, a tecnologia e a prontidão para o futuro. Cada um deles possui outros três subfatores, mensurados a partir de mais de 50 indicadores específicos. “Em todos, o Brasil perdeu espaço em relação a 2022”, afirma Tadeu, da FDC.
Visão global
Sobre os dados globais, a novidade do anuário foi mesmo a volta dos Estados Unidos ao primeiro lugar do ranking de 2023. Na Europa, apenas a Bulgária (55º) ficou entre os piores colocados, enquanto a República Checa, a Bélgica, a Polônia e a Holanda tiveram melhoras significativas de desempenho, elevando a colocação desses países em 9, 8, 7 e 4 posições, respectivamente.
Entre os asiáticos, Singapura manteve a liderança, enquanto a Índia (49º) perdeu 4 posições. Isso, sobretudo, pelo menor desempenho nos quesitos de tecnologia e preparo para explorar tecnologias digitais. Entre os dez melhores classificados do ranking, a Ásia tem Singapura (3º), Coreia do Sul (6º), Taiwan (9º) e Hong Kong (10º).
A China (19º) destacou-se em resultados do PISA (o programa internacional de avaliação de estudantes) em matemática, adoção de robôs, maturidade para cibersegurança e produtividade em publicações científicas. O país, contudo, perdeu duas posições no ranking. Os asiáticos com pior colocação foram Mongólia (63º) e Filipinas (59º).