metropoles.com

Em vitória do agro, STF suspende por 6 meses ação contra Ferrogrão

Ferrogrão vai conectar a região produtora de grãos do Mato Grosso, a partir de Sinop, ao estado do Pará, desembocando no porto de Miritituba

atualizado

Compartilhar notícia

Divulgação/ANTT
Imagem de trilho de ferrovia cortando uma área de terra e vegetação, com o horizonte ao fundo e céu azul com nuvens - Metrópoles
1 de 1 Imagem de trilho de ferrovia cortando uma área de terra e vegetação, com o horizonte ao fundo e céu azul com nuvens - Metrópoles - Foto: Divulgação/ANTT

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu por seis meses uma ação que questionava a constitucionalidade do projeto de construção da Ferrogrão, ferrovia que deve conectar a região produtora de grãos do Mato Grosso, a partir de Sinop, ao estado do Pará, desembocando no porto de Miritituba, em Itaituba.

Em decisão publicada na terça-feira (19/9), o STF determina a suspensão do processo “a fim de que se concluam os estudos e as atualizações sugeridos”.

O Supremo acolheu o pedido de suspensão “ante os avanços já concretizados após o início dos diálogos sobre a controvérsia tratada na presente Ação Direta de Inconstitucionalidade, e consideradas as propostas consensualizadas pelos interessados no âmbito do Centro de Soluções Alternativas de Litígios”.

O processo envolvendo a Ferrogrão havia sido encaminhado para o Centro de Soluções Alternativas de Litígios (Cesal), órgão que tinha 60 dias para apresentar uma solução para o imbróglio. Durante os seis meses de suspensão, serão realizados estudos e atualizações sobre os possíveis impactos da obra da ferrovia.

Por que a Ferrogrão pode ser a principal rota do agro

Incluída na nova versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Ferrogrão pode se transformar na mais importante rota de escoamento do agronegócio brasileiro, como mostrou uma reportagem publicada pelo Metrópoles em agosto.

De acordo com o Ministério a Casa Civil, o projeto, com custo estimado em R$ 25 bilhões, integra a lista daqueles que serão objeto de estudos de viabilidade econômica, social e ambiental. Caso saia do papel, a Ferrogrão terá 933 quilômetros de extensão.

A ferrovia é celebrada pelo agronegócio por causa de sua capacidade de levar parte da carga de soja, milho e algodão produzida no Centro-Oeste até os portos do Norte do país. Ela seria uma espécie de “esteira de grãos” e substituiria o modal rodoviário, mais caro e menos eficiente. Em 30 anos, segundo estimativas do setor, a Ferrogrão poderia movimentar 48,6 milhões de toneladas e criaria 160 mil empregos, diminuindo em cerca de R$ 20 bilhões o custo logístico de produção.

Imbróglio jurídico

O projeto, no entanto, está enredado em um imbróglio jurídico que chegou ao STF e impediu a execução das obras. Em 2021, o ministro Alexandre de Moraes atendeu a um pedido do PSOL e suspendeu a eficácia da Lei 13.452/2017 – que teve origem a partir da Medida Provisória (MP) 758/2016. A MP fez alterações nos limites do Parque Nacional do Jamanxim, no Pará, excluindo 466 hectares da unidade de conservação ambiental.

Segundo o PSOL, a supressão de áreas em unidades de preservação não poderia ter sido determinada por uma MP, mas apenas por um projeto de lei. Esse também foi o entendimento de Moraes. Desde então, o caso está pendente de análise pelos demais ministros do STF, no plenário da Corte.

Em maio de 2023, a Advocacia-Geral da União (AGU) encaminhou ao Supremo uma manifestação favorável à Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) apresentada pelo PSOL, contra o projeto da Ferrogrão. Apesar de reconhecer a “relevância” da ferrovia para o país e seu potencial de “possibilitar números significativos em geração de empregos diretos na sua construção e em redução no custo do frete”, o órgão alega que a supressão de parte da área do Parque Nacional do Jamanxim teria de ser acompanhada por contrapartidas ambientais pela construção da ferrovia, o que não aconteceu.

No dia 31 de maio deste ano, depois de mais de dois anos com o tema em banho-maria, adormecido nos escaninhos do STF, o mesmo Alexandre de Moraes tomou uma nova decisão que foi comemorada pelo agronegócio. O magistrado autorizou a retomada dos estudos de viabilidade da Ferrogrão, embora tenha mantido suspensa a lei que abriu caminho para o início das obras.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNegócios

Você quer ficar por dentro das notícias de negócios e receber notificações em tempo real?