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“Em um ano, política monetária será a do PT”, diz Mendonça de Barros

Para o economista, essa é a “mensagem” da indicação de Galípolo para o BC .Já Schwartsman critica falta de experiência do candidato

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Gabriel Galípolo
1 de 1 Gabriel Galípolo - Foto: Washington Costa/MF

Economistas ouvidos pelo Metrópoles receberam com ressalvas a eventual nomeação do atual secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo (foto em destaque), como novo diretor de Política Monetária do Banco Central (BC). A indicação para o cargo, que ainda tem de ser confirmada pelo Senado, foi oficializada nesta segunda-feira (8/5) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Na avaliação de Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-diretor do BC, ex-presidente do BNDES e ex-ministro da Comunicação (gestão FHC), a “indicação traz uma mensagem clara”. “Ela é a de que, em um ano, a politica monetária do Banco Central (BC) será conduzida por um economista do PT”, diz “E essa mudança trará consequências. Sem fazer juízo de valor, será da água para o vinho.”

Mendonça de Barros define como “antagônicas” as linhas de pensamento econômico da atual cúpula do BC e a dos petistas. “Os que seguem a linha do PT acreditam que o combate à inflação pode ocorrer junto com o crescimento econômico e isso resulta em um fator de insegurança em relação à situação atual”, afirma. “O grupo que está hoje no BC tem como prioridade única o combate à inflação e a tentativa de trazê-la para a meta.”

Para o economista, o BC já poderia ter decidido por uma queda dos juros básicos do país, a Selic,  fixada em 13,75% ao ano. Com isso, ele acredita, contornaria o conflito que considera ter sido provocado pelo governo federal em torno do assunto. “O Banco Central cismou que existe excesso de demanda no mercado, mas isso acontece num pedaço pequeno dos serviços”, diz. “Ao manter uma posição ortodoxa, criou espaço para esse tipo de ação do governo.”

Falha técnica

Na avaliação do economista e consultor Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC, falta a Galípolo experiência técnica, como a de operador de mercado, o que seria um requisito essencial para diretoria do BC. “A posição que ele vai ocupar tem sido reservada a profissionais com carreira fora do Banco Central, que exibem fortes credenciais acadêmicas em política monetária ou uma longa e bem-sucedida experiência em mercados financeiros, em geral, administrando mesas de renda fixa e câmbio”, diz.

Para Schwartsman, esse não é o caso de Galípolo. “Ele não é um economista com fortes credenciais acadêmicas em política monetária. Sua dissertação de mestrado, por exemplo, trata do desenvolvimento econômico do ponto de vista marxista”, afirma. “Por outro lado, nunca teve uma experiência significativa em renda fixa ou negociação de câmbio, o que o torna particularmente inadequado para a posição. Ele estará lá para ser o próximo Tombini”, acrescenta, referindo-se a Alexandre Tombini, ex-presidente do BC na gestão de Dilma Rousseff.

Schwartsman acredita que o governo tem duas razões para nomear Galípolo. “Uma delas é apresentar uma oposição ativa à atual orientação da política monetária, como ocorreu em 2005, com Tombini”, diz. “A outra, aparentemente, é abrir caminho para assumir o comando do BC quando o mandato de Roberto Campos Neto expirar no fim de 2024, mais uma vez como foi o caso de Tombini.”

Além de Galípolo, Haddad confirmou nesta segunda (8/5) a indicação de Ailton Aquino dos Santos, para a área de Fiscalização do BC. Mais dois novos membros da diretoria serão nomeados até o fim deste ano. Em 2024, outros dois serão empossados. No fim do próximo ano, também termina o mandato do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto. Schwartsman observa que, em tese, o governo só terá maioria no órgão de 2025 em diante.

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