Fiesp diz que Josué Gomes da Silva segue à frente da entidade
Na segunda-feira (16/1), porém, ele havia sido destituído da presidência, em assembleia realizada por grupo de opositores, por 47 votos a 1
atualizado
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A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) informou por meio de nota nesta quinta-feira (19/1) que Josué Gomes da Silva segue como presidente da entidade, “no exercício pleno de suas funções, conforme determinam os estatutos vigentes”. Na segunda-feira (16/1), porém, uma assembleia realizada por sindicatos de oposição havia destituído o empresário do cargo.
Interlocutores de Silva, contudo, não reconhecem o resultado da reunião. Eles alegam que a assembleia havia sido convocada para que o presidente respondesse a uma série de questionamentos da oposição. E não para votar a permanência do empresário no comando da maior entidade patronal do país.
Nesse sentido, e após responder às questões, Silva deixou o encontro, acompanhado pelos líderes empresariais que o apoiam, em geral, ligados a setores de grande porte da indústria paulista. Na sequência, porém, os insurgentes deram início à votação.
Ainda na visão dos apoiadores de Silva, esse seria o motivo da contagem maciça contra a permanência do presidente no posto: 47 votos a favor da queda e somente um contra. Os integrantes da situação afirmam que tal contagem, embora expressiva à primeira vista, não representa nem sequer a metade dos 112 sindicatos que teriam direito a participar do pleito. Desde então, a oposição não se manifestou publicamente sobre o episódio.
Entenda a crise na Fiesp
A crise política na Fiesp teve início em outubro do ano passado, quando membros de sindicatos descontentes (eram 78, na época, depois passaram a ser 86) apresentaram um pedido de convocação de assembleia para tentar destituir Silva do cargo. Em reunião da diretoria no início de novembro, o presidente da Fiesp rechaçou a ofensiva, alegando que não havia elementos que justificassem a reunião.
O documento apresentado pelos sindicatos enumerava 12 itens com justificativas para a convocação da assembleia. Entre os motivos apresentados, estavam contestações sobre nomeações de assessores de Silva, além de críticas pela divulgação da carta “em defesa da democracia” durante a campanha eleitoral.
As declarações de Silva durante a campanha de 2022, simpáticas à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, desagradaram os grupos da entidade que apoiavam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), notadamente, ligados ao ex-presidente da Fiesp Paulo Skaf.
A decisão da Fiesp de divulgar a carta, em agosto, foi considerada um erro por atrelar a instituição à candidatura do petista. O documento teve apoio de apenas 14% dos sindicatos industriais.
A proximidade com Lula fez ainda com que Josué Gomes da Silva se tornasse o nome da preferência do presidente da República para assumir o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Em meados de dezembro, o presidente da Fiesp foi a Brasília e recebeu o convite formal de Lula para comandar a pasta. Em um primeiro momento, Silva não deu uma resposta ao petista e pediu um tempo para pensar. Dois dias depois, o empresário recusou o convite e decidiu viajar com a família para o exterior, onde passou a virada de ano.
Até receber o convite formal do presidente, Silva dizia a interlocutores e familiares que não pretendia assumir um cargo no governo federal e desejava permanecer à frente da Fiesp. Depois da conversa com Lula, em Brasília, o empresário cogitou aceitar o desafio, mas acabou optando, ao fim e ao cabo, por permanecer na entidade que representa a indústria paulista.
A eventual ida de Silva para o ministério de Lula era considerada uma espécie de “saída honrosa” do comando da Fiesp, em meio a uma grave crise política na federação.
No dia da assembleia, na segunda (16/1), também na tentativa de dissuadir os opositores, a Fiesp organizou um evento que teve como convidados o vice-presidente, Geraldo Alckmin, e o ex-presidente Michel Temer.
Quem é Josué Gomes da Silva
Empresário da Coteminas, Josué Gomes da Silva é filho de José Alencar (1931-2011), vice-presidente da República entre 2003 e 2010, nos dois governos de Lula. Ele foi eleito presidente da Fiesp em julho do ano passado e assumiu o cargo em janeiro de 2022.
Na ocasião, a candidatura teve o apoio de Skaf. Seu mandato à frente da entidade, salvo novas reviravoltas, deve terminar em 31 de dezembro de 2025.