Em Davos, Haddad discute “previdência do Uber” com CEO da empresa
No Fórum Econômico Mundial, ministro da Fazenda se reuniu com o CEO do Uber, Dara Khosrowshahi, e debateu seguridade social
atualizado
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Em seu último dia de participação no Fórum Econômico Mundial, em Davos, nesta quarta-feira (18/1), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu com o CEO do Uber, Dara Khosrowshahi, e discutiu, entre outros temas, a chamada “previdência do Uber”.
O governo brasileiro defende que os trabalhadores que prestam serviços para o Uber tenham seus direitos previdenciários preservados, segundo Haddad.
“Estamos muito preocupados com a questão da seguridade social dos trabalhadores das plataformas digitais. Ninguém é contra a tecnologia, mas a gente quer a tecnologia a serviço de todos: consumidores e trabalhadores”, discursou Haddad após o encontro.
“Esses trabalhadores têm de ter algum amparo social como todo trabalhador, uma perspectiva de se aposentar. Isso é uma demanda justa que eles estão fazendo”, completou.
Haddad afirmou que o CEO do Uber demonstrou sensibilidade em relação ao tema e reconheceu que a previdência “é um problema mundial e não apenas brasileiro”.
“Como uma empresa global, eles já estão sofrendo esse constrangimento mundo afora, sobretudo nos países mais desenvolvidos. Então, é natural que queiram analisar o assunto, para que o amparo previsto na lei seja estendido a esses trabalhadores”, concluiu Haddad.
O Uber enviou ao Metrópoles uma nota sobre a reunião entre o CEO da companhia e Haddad:
“O presidente global da Uber, Dara Khosrowshahi, participou de uma reunião bilateral com o ministro Fernando Haddad em Davos nesta quarta-feira (18/1). Na reunião, de cerca de 15 minutos, o executivo apresentou os investimentos da empresa no Brasil e seus impactos na economia, e se colocou à disposição do governo federal para contribuir no debate sobre a regulação do trabalho por meio de plataformas. Khosrowshahi reforçou a importância da inclusão de motoristas e entregadores na Previdência Social, com a participação das empresas na contribuição, modelo defendido pela Uber desde 2021.”
Modelo CLT é viável?
Melhorar as condições de trabalho de entregadores e motoristas de plataformas de delivery, como iFood, e de aplicativos de transporte, como Uber, é uma demanda que volta e meia está no noticiário. Sem poder contar com qualquer tipo de proteção social e com jornadas extensas, ele estão fora do mercado de trabalho tradicional. Mas não se pode matar o modelo com camisas-de-força que o inviabilizem, como mostrou reportagem do Metrópoles.
Para João Sabino, diretor de políticas públicas do iFood, é urgente e necessária a aprovação de uma regulamentação do trabalho de entregadores e motoristas no Brasil. O iFood é a maior plataforma de delivery de refeições e produtos do mercado local, com cerca de 250 mil entregadores ativos. Se considerarmos todos os que já fizeram cadastro e trabalharam em algum momento no aplicativo, são cerca de 1 milhão de brasileiros — que, sem essas empresas, teriam ficado desempregados e sem fonte de sustento.
“Entendemos que precisamos discutir a inclusão previdenciária dessas pessoas, o estabelecimento de ganhos mínimos e a melhora da transparência entre aplicativo e entregadores, principalmente no quesito de precificação e remuneração. Há uma série de coisas que precisam avançar, mas da forma correta”, afirma Sabino.