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Em crise, Coteminas não produz desde 2022 em Blumenau, diz sindicato

Conglomerado têxtil do presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, tenta reverter quadro crítico com acordo anuncido com a chinesa Shein

atualizado

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No fim de abril, o valor de mercado da Coteminas, a gigante brasileira do setor têxtil, deu um salto de quase 270% na Bolsa de Valores num só pregão. Ele passou de R$ 76 milhões para R$ 281 milhões, depois do anúncio de um acordo para a produção de artigos da marca chinesa Shein, no Brasil. Mas, apesar da empolgação do mercado, não será tarefa simples para a empresa sair da crise na qual se encontra, mesmo com esse empurrão chinês.

De acordo com Carlos Maske, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Têxteis de Blumenau, Indaial e Gaspar, a unidade da indústria na região pode ser vista como um microcosmos do atual quadro da Coteminas, que pertence ao empresário Josué Gomes da Silva (foto em destaque), presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Em Blumenau, a indústria, diz Maske, está parada desde o início de 2022. Com cerca de 1,2 mil funcionários, 478 deles estão em regime de “layoff”. Nesse caso, parte da remuneração desses empregados é bancada pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). A empresa entra com uma complementação até atingir o total do salário líquido dos trabalhadores. Essa foi a segunda vez que o layoff foi acionado em Blumenau. A primeira ocorreu em janeiro do ano passado.

Salários atrasados

“O atraso de salários também tem sido recorrente”, diz Maske. “Na semana passada, ele foi de um dia, entre 6 e 7 de junho”. Antes disso, porém, durou 11 dias em janeiro, oito em março e dois em abril. A Justiça determinou que a Coteminas pagará uma multa de R$ 100 por dia para cada trabalhador (com limite de R$ 1 mil) pelos próximos dez meses, caso ocorram novos atrasos. O sindicato também entrou com uma ação contra a empresa pela demora nos depósitos do FGTS.

De acordo com Maske, a crise na Coteminas agravou-se no fim de 2021. “Na ocasião, a empresa nos procurou dizendo que não tinha recursos para comprar insumos”, diz o sindicalista. Em Blumenau, a unidade da indústria produz artigos de cama, mesa e banho. “De lá para cá, a situação está piorando e as outras plantas da empresa estão na mesma situação ou pior.”

Desafio do acordo

E o acordo com a Shein pode ajudar a reverter esse cenário? Na avaliação de Luiz Claudio Melo, da 360 Varejo Consultores, ele pode, sim, proporcionar um alívio à companhia, mas há um senão: “Tudo está no plano das ideias e é preciso de tempo e dinheiro para transformá-las num negócio de fato”.

Para o consultor, um dos primeiros desafios que a Coteminas terá de enfrentar é a adaptação ao modelo de negócios da Shein. “Muito ágil e flexível, a empresa chinesa é puxada pela demanda”, diz. “Ela trabalha com estoques mínimos, quase mostruários e, no momento em que essas peças começam a vender, a indústria tem de entrar em ação rapidamente e produzir mais. No Brasil, em geral, o normal é o contrário. Aqui, a indústria empurra o varejo e tudo acontece de forma mais lenta.” A dúvida, observa Melo, é como um gigante responderá a esses novos impulsos.

A Coteminas, ou Companhia de Tecidos Norte de Minas, foi fundada em 1967, pelo ex-vice-presidente José Alencar, pai de Josué Gomes da Silva. A primeira fábrica de fiação e tecidos, localizada em Montes Claros, MG, entrou em operação em 1975.

No Brasil, além de Blumenau e Montes Claros, a empresa possui unidades fabris em Campina Grande e em João Pessoa (PB), além de Macaiba e Natal (RN). O grupo possui uma rede de cerca de 240 lojas de varejo e é dona das marcas Santista, Artex, MMartan e Casa Moysés. Ela emprega cerca de 7 mil pessoas no país. Possui ainda operações nos Estados Unidos e na Argentina.

Na semana passada, a Coteminas não respondeu aos pedidos de contato da reportagem do Metrópoles. Este espaço está a disposição da empresa.

 

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