Em artigo, Haddad fala em “plano ambicioso de transformação ecológica”

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem a Nova York, escreveu um artigo que foi publicado no jornal britânico Financial Times no qual destaca o compromisso do Brasil com um “plano ambicioso e abrangente para a transformação ecológica”.

No texto, Haddad diz que a economia tem de se preocupar com medidas “mais verdes”, especialmente nas áreas de infraestrutura e agricultura, com foco no uso da tecnologia em processos produtivos e programas de adaptação climática.

“Iniciamos um ciclo de reformas de crescimento e de aumento da produtividade, ao mesmo tempo em que reunimos esforços para recuperar a fé do povo brasileiro em soluções democráticas para os nossos muitos desafios econômicos e sociais”, escreveu Haddad no Financial Times.

“Mas nosso trabalho está apenas começando. Olhando para o futuro, temos agora os olhos postos em um plano ambicioso e abrangente para a transformação ecológica”, prossegue o ministro.

No artigo, Haddad afirma que o Brasil está empenhado em compartilhar experiências e colaborar com outros países no processo de “transição verde”.

“O nosso plano já está em andamento. Ele difere do do America’s Inflation Reduction Act (Lei de Redução da Inflação dos Estados Unidos), que mobilizou uma vasta quantidade de recursos orçamentários para distribuir por uma miríade de setores”, diz o ministro.

“Em vez disso, o nosso plano funcionará como um mosaico de políticas regulatórias e fiscais que serão aprovadas pelo Congresso de forma gradual, mas intensiva.”

Mercado de carbono

No texto, o ministro da Fazenda afirma que uma das primeiras medidas do plano brasileiro é investir no mercado de carbono, seguindo o modelo do Sistema de Comércio de Emissões da União Europeia (UE).

Segundo Haddad, o projeto pode ser aplicado em todas as unidades de produção que emitem mais de 25 mil toneladas de carbono anualmente.

O mercado de carbono consiste em um mecanismo de compensação de emissões de gases de efeito estufa, por meio da negociação de créditos, gerados por projetos que evitam que esses gases sejam emitidos ou que removam esses gases.

‘A maior parte das receitas recentemente geradas será alocada para pesquisa e desenvolvimento. Além disso, esse novo mercado protegerá as comunidades indígenas e tradicionais, impondo regras sólidas para a redistribuição dos lucros”, escreveu o ministro.

“Os investidores estrangeiros que desejam descarbonizar sua cadeia produtiva e investir em inovação limpa serão muito bem-vindos para nos ajudar a acelerar essa nova fase do desenvolvimento brasileiro”, completou Haddad.

Energias renováveis

Em outro trecho do texto, Haddad ressalta a capacidade brasileira de investir em energias renováveis. “O Brasil já se destaca como líder mundial na economia verde. Noventa e dois por cento da nossa eletricidade provém de fontes renováveis e, apesar do crescente desmatamento sob o governo anterior, grande parte de nossa vegetação nativa ainda está de pé”, diz o ministro.

Haddad reiterou o compromisso do Brasil de cumprir as metas estipuladas pelo Acordo de Paris, zerando as emissões de carbono até 2050.

“As nossas ambiciosas contribuições determinadas a nível nacional para reduzir as emissões de carbono estão atualmente fixadas em 37% até 2025 e 50% até 2030, para finalmente atingirmos o zero líquido até 2050”, concluiu.